domingo, 17 de agosto de 2014

Filhos: quem é que desistiu do Brasil?


Olhando para esta foto vemos filhos no velório do pai ou recrutas recém convocados para uma guerra? Os tão criticados punhos cerrados pelos colunistas empregados da mídia familiar, de Zé Dirceu e Genoino eram o que mesmo?
 
Para mim foi um espanto ver no velório de Eduardo Campos os filhos dele usando camisetas amarelas estampadas com a frase "não vamos desistir do Brasil".

Não posso cometer a ousadia, ou o desrespeito, de duvidar da dor sincera cravada no peito daqueles jovens por essa perda trágica do pai. Mas há que se notar que se misturou alhos com bugalhos.

O que poderia ser a oportunidade de uma manifestação de amor intimo, familiar, filial tornou-se uma exibição política.

Um contraste brutal e inconveniente com o vídeo realizado por estes mesmos jovens no ultimo dia dos país, no qual o projeto e a política de Campos sequer é citado.

Mas bastou morrer para que magicamente o ponto central de sua existência  passe a ser a política e não sua dedicação e amor paternos.

E já que é pra racionalizar estou tentando entender a frase das camisetas. A quem ela é dirigida?

Aos próprios filhos que tomados de alguma espécie de arrependimento tardio confessam ao pai que desistem das sua intenções de se mudarem pra Suíça?  Brincadeira minha.

Mas será que existem milhões de brasileiros arrumando as malas para irem embora do Brasil? Não me parece.

Muito menos tenho percebido a população desistindo de seus afazeres, seus compromissos, suas obrigações, o que equivale dizer que quando o conjunto da população cuida de suas coisas indica que o país continua funcionando, não vai parar e nem ninguém dele desistiu.

Resume-se que esta é apenas uma frase que, segundo alguns colunistas da direita raivosa e sem voto, pode significar a tentativa de convencer a parcela de eleitores que dizem que vão votar em branco ou anular seus votos a aderirem, agora, a campanha para Marina.

Se entre aqueles que praticam a política, os chamados políticos, nem sempre há espaço para a razão e o purismo, entre os eleitores que observam minimamente os lances da campanha, pode ser exatamente o contrário e o que as vezes pode ser chamado de pragmatismo político acaba tendo o nome de oportunismo.

Há uma pergunta para ser feita: Eduardo Campos gostaria disso? Já que agora seus auto denominados herdeiros políticos estão se pendurando em uma frase dita por ele no meio de sua campanha, é bom lembrar que ele abrigou Marina em seu partido talvez justamente para anula-la.

Não fosse assim Campos não teria aceitado de maneira tão passiva que Marina declarasse varias vezes que sua filiação ao PSB era temporária. Neste gesto ambos se diziam: fica na sua sua, que eu fico na minha. Como entender agora que esta é herdeira política daquele.

Essa esperança novamente acesa na oposição de que haverá segundo turno nas eleições pode na verdade resultar em um empate no segundo lugar  entre Aécio e Marina, aquele caindo nas intenções de voto e esta subindo mas não o suficiente para impedir um resultado definitivo favorável a Dilma, e causando assim o enterro - simbólico e sem frases de efeito - do PSDB  e fazendo Marina e sua REDE repensarem seu modo de fazer política, bastante dúbio até agora.

A morte de Campos não revela um Brasil que esta desistindo de si mesmo, antes pelo contrario pode revelar um Brasil avesso aos conchavos, contrario aos oportunismos e a uma mal disfarçada hipocrisia que parece querer reafirmar a desprezível pratica de que os fins justificam os meios. 

Deste Brasil eu não desisti.




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