quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Diálogos atraves de pregadores




A mais nova habitante da nossa casa é uma (mais uma?) gata – felina mesmo – cujo nome é Mia.

Em razão de ser muito novinha, Mia é como todos os seres novinhos: sem noção nas brincadeiras. Ela desconhece o quanto são afiadas suas patas e seus pequenos dentes. 

 E tome arranhar e morder pernas e braços de quem ousar fazer com ela o que se costuma fazer prazerosamente em todos os de sua raça: passar a mão nela.

Como defesa contra arranhões em braços e pernas montamos a morada da Mia na área de serviço que tem uma porta separando do resto da casa. Porta fechada, pernas e braços salvos. 

Claro que algumas vezes ao dia abrimos a porta e La vem a Mia fazer o que ela, até agora, aprendeu fazer bem feito: pular em cima da gente.

E nos primeiros dias em que a Mia ficou sozinha e fechada na área de serviço miava, como miam todos os gatos, querendo chamar nossa atenção para sua presença. Nós, de maneira muito tosca, respondemos aos seus miados, miando também. Mas como não somos versados nessa linguagem é bem provável que não estávamos respondendo o que a Mia queria ouvir.

Vai daí que ela desenvolveu uma forma diferente de comunicação, quem sabe mais eficaz ou, no mínimo mais acessível para nós: na área de serviço, Mia derruba o pote de pregadores de roupa no chão e vai chutando-os por baixo da porta pra dentro da cozinha. E nós do lado de cá devolvemos. E ficamos nesse passa-passa de pregadores num diálogo mudo porém divertido.

Mia deve ser muito sabia. Poupou a todos nós do constrangimento de ficarmos miando coisas sem sentido e, além disso, demonstra que o importante é conviver, não importa se de vez em quando provocamos arranhões uns nos outros. Daí só inventar novos jeitos de convivência.