sexta-feira, 29 de abril de 2011

A vida dentro de caçambas

Lá no Azenha tem um artigo assinado por Livia Tiede e que eu os convido a ler. Ele trata da ocorrencia havida esta semana a respeito de uma mulher que foi flagrada jogando seu bebe recém nascido em uma caçamba de lixo.

Desnecessário falar sobre a repulsa que nos causa tal gesto.

E, lendo o artigo, o que entendemos é tratar-se de mais um apelo em favor de regulamentação que contemple o aborto de maneira indiscriminada pois, segundo o racicionio de Livia, esta é a unica alternativa para evitar-se atitude tão tresloucada como a da mãe em questão. De acordo com Livia caso essa mãe tivesse apoio legal e prático para abortar a indesejada criança, ela não teria feito o que fez.

A mim me parece um aproveitamento oportunista de uma situação - de todos os jeitos condenável - para propor uma solução casual, pontual e ineficaz. Livia quer nos fazer acreditar que a mãe fez o que fez apenas por ser vitima de um modelo de sociedade insensivel a realidade feminina ou por ultimo da realidade da vida humana.

Não quero fazer juizo de valor ao referir-me ao comportamento dessa mãe e de tantas outras que agem de maneira menos ou mais cruel, muito menos quero declarar-me um anti abortista ferrenho, daqueles que não conseguem imaginar que todos podem cometer em algum momento gestos que precisem ser corrigidos depois.

No entanto vale lembrar a pergunta de um dos meu gurus preferidos, sir John Lennon: "quantos de nós não é resultado de uma noite de bebedeira e drogas?"

Sugiro ainda uma outra reflexão: num certo momento governantes pensaram que deviam regulamentar a posse de armas de fogo a fim de controlar seu uso e assim evitar homicidios. Como se sabe não deu certo.

E não deu certo também a criação, pela Caixa Economica Federal, de um cardápio bastante variado à disposição daqueles que gostam de apostar em numeros, haja vista que continua por aí a jogatina clandestina.

Pode parecer que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa, mas só parece. No fundo tratam-se de questões comportamentais e todas elas podem trazer consequencias nefastas para a vida de qualquer um. Não é por que existem leis que permitam determinadas coisas dentro da legalidade que todas as pessoas preferirão o legal no lugar do ilegal.

Precisamos todos parar de pensar que ao se criar mecanismos que "protejam" os individuos podemos ir todos para casa e dormir tranquilos.

Já esgotou-se esse modelo que está ai. Não se pode mais entender o Estado como provedor de todas as necessidades dos individuos. O Estado por si só é incompetente e ineficaz para tarefa desse tamanho. Toda a sociedade precisa estar engajada.

Que tal começarmos a pensar em um novo modelo de escolas por exemplo?

Que tal abandonar esse modelo educacional que limita o conhecimento apenas as necessidades do mercado de trabalho?

De algum jeito, e desde cedo na vida, todo mundo precisa ser levado a conhecer-se a si mesmo, entender a sua responsabilidade e participação neste interminavel jogo de ação e reação que liga todos os individuos no planeta. Entendamos de uma vez que tudo, absolutamente tudo, que fazemos é ao mesmo tempo resultado de algo que o outro fez, e é também algo que interferirá na vida do outro.

Devemos refletir com mais intensidade sobre o maior ensinamento de Cristo: amai-vos uns aos outros.

Quem sabe assim possamos privilegiar menos os bens que não passam de coisas, e passemos a olhar com mais atenção ao verdadeiro bem que é o outro ser humano.

Nossas vidas não devem ser norteadas apenas pela nossa capacidade de trabalhar e ganhar dinheiro. Devemos aprender a lidar com nossas tragédias particulares cuja solução mais prática e viável é amar e saber-se amado.

Não bastam leis que regulamentem o porte de armas, é preciso que não queiramos ter armas,  e nem criemos razões para matar. Não bastam leis que nos permitam jogar dinheiro para ganhar outro dinheiro, é necessária também a indispensável temperança no uso daquilo que é fruto de nosso trabalho.

Não basta que os Estados coloquem seus médicos a serviço de mulheres arrependidas de seus gestos, é preciso que as pessoas partilhem sua intimidade com responsabilidade e amor a tal ponto que tudo depois seja gratificante. E não um castigo.

Fiquem em paz

Jonas

quarta-feira, 27 de abril de 2011

As roupas do Estado

Reproduzo artigo publicado no Esquerdopata, assinado por Wladimir Safatle.



Há algo de profundamente cínico na lei francesa que proíbe mulheres de portar indumentárias como a burca e o niqab. Primeiro, essa lei nada tem a ver com a laicidade do Estado. Um Estado laico não pode crer que sua realização esteja ligada à construção de uma sociedade laica.

Na verdade, o Estado laico é aquele indiferente à religiosidade da sociedade. Essa indiferença implica distância do ordenamento jurídico estatal em relação aos dogmas e costumes religiosos.

Tal distância significa duas coisas: as leis não serão influenciadas pela religião e o Estado não legisla sobre práticas e costumes religiosos.

Pode-se argumentar que, porém, o Estado deve fornecer as garantias institucionais para o reconhecimento da dignidade dos sujeitos, mesmo no interior de práticas religiosas.

No caso, a lei contra o uso da burca e do niqab seria legítima, já que as indumentárias ferem tal dignidade, na medida em que seriam um signo de opressão contra as mulheres.

No entanto não cabe ao Estado dizer que uma roupa é signo de opressão. Até porque, a opressão é algo que só pode ser enunciado na primeira pessoa do singular ("Eu me sinto oprimido"), e não na terceira pessoa ("Você está oprimido, mesmo que não saiba ou não tenha coragem de dizer. Vim libertá-lo").

Se houver ao menos uma pessoa que compreende a burca como expressão autêntica de si, então a opressão virá da própria lei do Estado. Há pouco tempo, sutiãs eram signos de opressão e ninguém teve a ideia de pedir ao Estado para proibir garotas de usá-los.

Vejam como o argumento é falho. Se o governo francês estivesse preocupado com a opressão religiosa das mulheres, ele deveria, ao mesmo tempo, propor o fechamento dos conventos para freiras com suas práticas de mortificação da carne, assim como a abolição do uso de suas indumentárias no espaço público.

Não é difícil imaginar as roupas de freiras como uma burca cristã. De toda forma, uma das características maiores do cinismo é a aplicação parcial dos princípios. Cabe ao poder soberano decidir em que condições e para quais povos eles serão aplicados.

Mas, como se não bastasse, veio-se com o argumento de que há uma peculiaridade na burca e no niqab, já que encobrir o rosto seria contra a transparência do modo de vida democrático.

Melhor seria dizer que, no modo de vida realmente democrático, cada um faz o que quiser com seu rosto. Mesmo o argumento sobre a segurança social de ter rostos identificados é falho. Se este fosse o real problema, então precisaríamos de uma cômica lei geral contra velar o rosto.

Isso mostra como a melhor coisa que o Estado faz nesses casos é ficar longe dos corpos e dos guarda-roupas de seus cidadãos.

sábado, 23 de abril de 2011

Musicas para o domingo 240411

Meus caros,

De que outro jeito podemos dar graças a vida, senão através das genuínas emoções que as músicas nos trazem? De que outro jeito podemos pensar em um mundo melhor se não for através da poesia das musicas?

Feliz Páscoa. E demos graças a vida, cantando e sorrindo. Cantando e amando. Não conheço outro jeito.

Fiquem em paz,

Jonas




























E para a galeria " O Sonho Não Acabou " escolhi duas baladas. Daquelas que a gente dançava coladinho nos bailes de garagem e que Tavito descreveu tão bem em sua Rua Ramalhete quando disse: ... e eu vou falar no seu ouvido, coisas que vão fazer voce tremer dentro do vestido...

Yesterday: é a penultima faixa do Help, album lançado em 1967. É sem duvida nenhuma a música mais famosa de Paul, mais regravada e mais lembrada. Gravada originalmente somente por Paul - vocal e violão - e acompanhado por um quarteto de cordas. Gostei da opinião de um navegante nos comentários sobre o video: o melhor momento desse video está em 0:00 e o pior em 2:24.





Yes It Is: está no album Beatles Rarities de 1977, mas foi gravada em 1965. Balada bem romantica e apaixonada composta por John. O destaque é o som entrecortado da guitarra ao fundo que é fruto das experiencias de George com um pedal de volume.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Das minhas vilezas

Muitas vezes em conversas por aí, e a depender de meu interlocutor, senti-me péssimo parecendo que em mim residem as mais perversas limitações,  que carrego toda a fragilidade do mundo e pior que tudo isso, todas as vilezas.

E quando chegam festas assim como a Páscoa ou Natal tudo se torna especialmente incomodo pois, fazendo a auto critica que esses tempos sugerem,  a mim sempre me parece que ando muito errado.

E lendo N mensagens que parecem querer me mostrar como é fácil ser como eles, faço  promessas que de que agora em diante não vai ser mais assim e que vou me tornar o ser humano que todos são, e que não me amargurarei mais por parecer diferente.

Ilusão. Passa um tempo e me vejo igual ao que sempre fui e me pego pensando de novo na droga da natureza que carrego, essa natureza que me faz parecer piegas e muitas vezes ter vergonha de mim mesmo.


Mas hoje encontrei Fernando Pessoa ( Alvaro de Campos ) desabafando por mim e imediatamente me ocorreu vir aqui, tornar isso publico.

Por que tem dia que não dá pra segurar sozinho essa inquietante e inexplicável demora que Deus resolver levar para me fazer chegar a plenitude e me tornar perfeito.                                ( Obrigado Escrevinhador)

Fiquem em paz e feliz Páscoa.

Jonas

“Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe – todos eles príncipes – na vida…
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos – mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza”.

domingo, 17 de abril de 2011

FHC, a classe média e a Páscoa

Desde que passamos a viver sob a ditadura dos números econômicos me parece que a vida humana, ou melhor, a natureza humana, passou a ser entendida por dados estatísticos, renda per capita, bens, riquezas e nada mais.

Determinados setores, em especial os governos, passaram a montar suas estratégias de aproximação do publico alvo, desconsiderando as individualidades e levando em conta apenas a posição econômica da população sem imaginar que a massa é composta de indivíduos pensantes, dotados de discernimento.

Essa semana que passou ouvimos FHC recomendar aos seus colegas de partido que desistam de tentar dialogar com os mais pobres e dediquem-se a tentar a aproximação com a chamada classe média.

Espanta-me imaginar que um homem como FHC, supostamente conhecedor do comportamento social e das mudanças que podem ocorrer na sociedade em razão das idéias dos indivíduos, queira agora dizer que um determinado setor da sociedade, agrupado apenas por sua renda financeira, possa ser mais facilmente seduzido por promessas propositadamente montadas em cima de valores econômicos.

Difícil pensar que FHC seja apenas um espertalhão, mas é o que parece. Não consigo imaginar que ele acredite mesmo que um ser humano possa mudar seus ideais, suas crenças, seu modo de enxergar a própria vida apenas por que não ganha 500,00 e sim 1.500,00 reais.

Ao deitar os olhos apenas em um grupo de pessoas ele despreza, em primeiro lugar, a inter-relação existente entre todos os indivíduos da sociedade, e mais ainda a interdependência. Em segundo lugar torna visível um aspecto preconceituoso de seu comportamento, dando a entender - repito - que seres humanos são diferentes ( quem sabe mais inteligentes ) na medida em que ganham mais. FHC quer nos convencer que as preocupações e necessidades de quem ganha mais são mais fáceis de serem entendidas e atendidas. É como se os de vida mais abastada não tivessem princípios cidadãos, solidários e nem valores éticos e morais, e muito menos passassem por crises e tragédias pessoais, e, portanto seriam menos exigentes nas suas aspirações cidadãs.

E o oposto também é verdade. FHC dá a entender que as classes menos favorecidas não são capazes de entender e distinguir entre as dificuldades naturais de um governo e a incompetência para gerir um país.

Em síntese, FHC acha que a Floresta Amazônica não tem nada a ver com as geleiras da Antártida. FHC enxerga o funcionamento do mundo apenas e graças àqueles que aceitam aquilo que ele diz e para quem ele acha que pode fazer alguma coisa.

Estamos às vésperas de celebrar a Páscoa. FHC sabe que o significado maior dessa festa é a passagem para uma nova vida, deixando para trás o que escraviza, o que é mal, o que oprime. Foi com esse espírito que, de acordo com as narrativas bíblicas, o povo judeu fugiu do Egito onde era escravo em busca da terra prometida, em busca da sua liberdade.

Não é o outro o simbolismo cristão. A morte e ressurreição de Cristo têm o mesmo significado: o renascimento, a vitória da vida sobre a morte, sobre a opressão da escravidão.

FHC ao dar conselhos para aqueles que pretendem ser os lideres desta nação deveria lembrar a eles que busquem libertar a todos os brasileiros - em especial os menos favorecidos - da escravidão das carências todas. E que criem condições para que todos os cidadãos de todas as classes possam fugir daquilo que os fere em sua auto-estima, e que lhes nega a sua realização plena.

Fiquem em paz, feliz Páscoa.

Jonas


Musicas para o domingo - 170411





















Beatles Forever:  Sei que nem todos voces, meus persistentes leitores, admiram essa banda inglesa com a mesma intensidade que eu. Vai daí que na hora de escolher entre as obras desses moços o que vai ser publicado, sou tomado de uma certa insegurança. Pois eu gostaria muito que ao ouvirem as musicas dos quatro cabeludos voces sentissem as mesmas emoções que eu sinto. Mas sei que isso é muito subjetivo portanto é melhor relaxar e ir em frente.

I Me Mine: Composta por George faz parte do Let It Be e foi gravada em janeiro de 1970. Na abertura George Harrison toca orgão e depois toca também violão e guitarra solo, além de fazer os vocais.



Don´t Let Me Down: da genial dupla Lennon&McCartney foi lançada como o lado B do compacto Get Back em abril de 1969. Billy Preston aparece ao orgão, com foi em tantas outras gravações. Lennon faz um vocal tremendamente cru de uma múscia poderosa que nos remete aos blues, com Paul e George fazendo as segunda e terceira vozes.



Fiquem em paz,

Jonas

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Fair play somente dentro do campo??



Costuma-se dizer por ai que a pratica de esportes, além de saudável para o corpo, também ajuda na formação do caráter e da personalidade.

É de se esperar mesmo que alguns bons princípios tais como jogar limpo, não tripudiar do adversário, ser humilde na derrota e especialmente na vitória, estejam sempre presentes no espírito dos competidores.

Isto ajuda a desenvolver noções de cidadania, tolerância e convivência. Qualidades utilíssimas para se levar vida afora.

E há um principio esportivo que, penso eu, deva ser constantemente lembrado e de preferência praticado sempre: é o de igualdade de condições. Igualdade técnica, de ambiente, numérica, física, etc. etc.

Já imaginou no futebol um critério do tipo "tamanho de torcida", por exemplo? O Flamengo já começava o campeonato com uma mão na taça. Injusto. Injustissimo.

No entanto, e contraditoriamente, é exatamente  no universo esportivo que estamos assistindo atualmente um verdadeiro desprezo pelo jogo limpo, pela igualdade de condições e por regras transparentes.

Estou falando do mercado - essa palavra não é dura o suficiente - da compra e venda dos direitos de transmissão dos jogos de futebol pela televisão. Estamos assistindo justamente aquelas pessoas que fazem as regras do esporte, aquelas pessoas que influenciam diretamente na qualidade do esporte, tornarem-se mercenárias pura e simplesmente, pisoteando todos os princípios preconizados pela pratica esportiva.

A desfaçatez com que são conduzidas as negociações milionárias  entre clubes e as Desorganizações Globo, dando um chega pra lá no CADE que ao final do ano passado fez um esforço na direção de acabar com o privilégio da Viúva Platinada, é decepcionante. Aliás não são exatamente negociações, mas sim a imposição de critérios totalmente estranhos aos interesses dos torcedores. Critérios frágeis e tipicos de quem coloca interesses pessoais adiante dos interesses coletivos. É o caso de alguns dirigentes do futebol alegarem sua preferência pela Globo em razão da grande audiência desta. Isto é balela.

Como se audiência existisse antes do telespectador. Ao que me consta a audiência É o próprio torcedor, ou seja, aquele que gosta de assistir futebol vai assisti-lo no canal em que for exibido.

O CADE pretendeu, e conseguiu por vias legais, impor o saudável principio da concorrência para a exibição dos jogos pelas televisões o que acabaria evidentemente por beneficiar torcedores e consumidores em geral. Mas foi somente uma vitória parcial, e conseguida apenas no primeiro tempo. No segundo tempo o adversário voltou disposto a fazer qualquer coisa para chegar a vitoria: faltas sutis, impedimentos, caneladas e - é bem provável - subornos. 

Continuaremos, portanto vendo torcedores indo aos estádios às 21h30min em dias de semana e voltando para suas casas de madrugada, ou nos decepcionando por não poder assistir ao jogo do nosso time pela TV, única e exclusivamente por interesses incompreensíveis da rede transmissora. Não. Não me digam que o interesse é somente dinheiro. Para mim existe por trás de tudo isso a manutenção obsessiva e elitista do exercício de um poderzinho antidemocrático que manda as favas o interesse da população. 

É evidente que essa discrepância entre o discurso e a pratica a respeito dos princípios esportivos só pode ser prejudicial para aqueles que apostam na competição esportiva como um bom caminho para a formação do caráter e da personalidade de milhões de jovens brasileiros.

Chamem-me de ingênuo, mas a mim me parece que o tal fair play não deve somente ser praticado dentro do campo e apenas pelos atletas. É obvio que o mundo esportivo é composto tanto por atletas quando por dirigentes. Então quando se vê que as decisões no mundo esportivo nem sempre são guiadas pelos mesmos critérios que definem as regras de uma competição, fica difícil afirmar que o esporte ajuda - de maneira positiva -  na formação do caráter e da personalidade de quem o pratica e de quem dele faz sua profissão e meio de vida.

Fiquem em paz,

Jonas

sábado, 9 de abril de 2011

Musicas para o domingo - Aos brasileirinhos

Contrariando o que sempre faço por aqui aos domingos cuja proposta é contribuir um tantinho e de modo descompromissado com o lazer de quem me lê, hoje quero prolongar um pouco mais as reflexões que fizemos esta semana por causa da tragédia que acabou com a vida de alguns brasileirinhos lá em Realengo - RJ, faço-o porém sem perder o hábito de falar em música.

Tenho certeza que a pergunta que todos repetiram para si mesmos e para outros é por que um ser humano faz o que o Wellington fez. Em que canto escuro de nossas almas esconde-se a coragem de cometer ato tão insano. Assusta-nos que pessoas que cometem gestos desse tipo são na maior parte do tempo pessoas  assim como qualquer um de nós.

Mesmo lembrando sempre que atos de violência de toda natureza são cometidos todos os dias, esse tem uma carga especial de apelo emocional sendo esta uma justa razão para ser pensado, debatido e lembrado por muito tempo.

Mas deixemos que as músicas inspirem nossas reflexões.

A letra de Sêmen, composta por Sibá e Braulio Tavares, cantada por Mestre Ambrosio transcende a nossa costumeira visão apenas física de nossas origens e faz pensar na totalidade da vida contida na semente de onde viemos. E empacamos sempre na tentativa de desvendar o que somos e por que somos. O que fazemos e por que fazemos. E nivela a todos nós no mesmo grau de desconhecimento do que seja a alma humana. Dificil imaginar que um dia saberemos a resposta. Pois ao que parece, jamais tocaremos a semente profunda.






Luis Carlos Sá e Sérgio Magrão compuseram e Milton Nascimento cantou Caçador de Mim. Um inspiradíssimo convite para que tentemos conhecer a nós mesmos, buscando a explicação para essa doce prisão em paixões que nunca tiveram fim. E, diz a letra, longe se vai sonhando demais, mas onde se chega assim? Vou descobrir o que me faz sentir, eu caçador de mim.

E sonhar pode ser mesmo um bom caminho para exorcizarmos nossos ódios e exaltarmos nossos amores.



E Bono (U2)  ao compor Original Oh The Species deve ter lembrado dos amores egoístas, daquele tipo de amor que parece dizer ao outro: olhe, dê-se por muito satisfeito por eu amar você, tá bem?

Quantas histórias não existem por aí de amores mesquinhos e ranzinzas que mais parecem subversão de um dos mais nobres sentimentos humanos, pois só fazem sufocar e negar a vida para o outro.

E é bem apropriado relacionar o despertar dos monstros adormecidos nas profundezas de nossos lagos com amores desse tipo, quando lemos esse trecho da letra:

"Eu vou dar que tudo que você quiser, exceto a coisa que você quer"



E eu não seria eu mesmo se não colocasse aqui uma música nascida da genialidade daqueles moços lá de Liverpool. Na verdade trata-se de uma música já da fase solo de John  Lennon chamada Beautiful Boy. 

E é  uma linda confissão de amor ao próprio filho Sean, mas que podemos sempre cantar para nossos filhos.

E nestes dias tão conturbados, corridos e sofridos nada melhor que ouvir o que todos os pais deveriam dizer aos seus filhos:

" antes de atravessar a rua segure minha mão, pois vida foi o que aconteceu a você enquanto você estava ocupado fazendo outros planos"



Fiquem em paz.

Jonas

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Um nome novo para algo antigo

Sempre me chamou a atenção a "sinceridade cruel" das crianças e pré-adolescentes que, no exercício do aprendizado da convivência, praticam sua criatividade e perspicácia botando apelidos nos colegas - apelidos que muitas vezes não envaidecem em nada aquele que é apelidado. Pior ainda é quando resolvem ressaltar e trombetear pelo pátio do colégio eventuais detalhes físicos - digamos assim - fora dos padrões. E muitíssimo pior é tratar da sexualidade de uns e outros de maneira preconceituosa, muitas vezes colocando o pai e a mãe no meio.

Mas crianças são assim desde sempre. Desconfio que todo mundo algum dia na vida, mesmo em épocas distantes, viveu o papel de alvo de risos da turma. E ao fim de tudo cada um ia pra sua casa e tinha apoio dos pais e irmão pra esquecer essa "crueldade". E até hoje essas coisas se chamavam gozação, apelidos, brincadeiras, farra, e sei lá mais o que.

Agora chama-se bullying. E, a exemplo dos novos nomes que dão à coisas antigas, sempre se pretende que ao mudar o nome, as realidades dos envolvido também mudarão. Foi assim com os negros que acabaram virando afro-descendentes, com os homossexuais - antes bichas- agora gays, velhos que viraram idosos e vai por ai afora. Mas continuam sendo minorias e como tal ainda vitimas de preconceitos.

E surgem os "especialistas" sobre o tal do bullying desfiando um rosário de conseqüências sobre o caráter e a personalidade de crianças "vitimas" disso. Eu preferia as explicações de Freud para essas coisas e que acabavam sempre botando a culpa na mãe.

E os "especialistas" fazem uma lista de recomendações sobre como prevenir e punir atos de bullying.. Como se fosse possível punir crianças por botarem apelidos ou fazerem gozações com alguém que tem uma perna torta ou um narigão daqueles. Não é por ai. É evidente que não é.

A psicologia faz parte da imensa lista de coisas a respeito das quais nada sei. Meu contato mais direto com essa área do conhecimento humano foi quando fiz exames psicotécnicos para conseguir emprego. E foi só.

Mas tenho a impressão que o verdadeiro bullying de que são vitimas nossos brasileirinhos (gostei dessa expressão, dona Dilma) não está entre seus colegas. Está muito mais no modelo express de vida que estamos inventando. Modelo esse que não permite o apego, não deixa experimentar a tranqüilizadora sensação de pertença. 

Estou entendendo que no campo dos relacionamentos não existe mais o compromisso da perenidade, muito pelo contrário  é cada vez maior a sensação do descartável, do use-agora-porque-amanhã-não-tem-mais. 

Virou condição sine qua non para bem viver, experimentar o sexo cada vez mais cedo. Apenas pelo sexo, e não como uma experiência de doação, de uma ligação amorosa, de demonstração de afeto e de confissão de atração pelo outro. Consome-se pessoas como se consome álcool e engenhocas eletrônicas. Tudo é consumo. 

É triste ver que os modelos econômicos de sociedade se sobrepõem aos modelos humanitários. 

Um casal que se proponha a viver uma vida a dois e eventualmente formar uma família já não prioriza a convivência dentro de uma casa, mas antes de tudo o sucesso na aquisição de bens cuja saciedade é jamais alcançada. Um casal hoje é uma sociedade financeira, planilhada eletronicamente, cujas balizas vida afora sãos as colunas de créditos e débitos. Não é culpa somente das pessoas, as circunstancias criadas parecem levar todos pelo mesmo caminho.

E os brasileirinhos no meio disso tudo sofrem. Talvez até quem sabe um deles pode se dar por feliz se levar um apelido, ou se for motivo de gozação dos colegas, por que ao menos isso pode significar notar e ser notado. Melhor, muito melhor, do que ficar trancado em um quarto tendo como companhia os "amigos" virtuais das redes sociais. Amigos incolores, inodoros e insípidos.

Se for preciso sentar em uma mesa de boteco e encher a cara para ter a companhia de alguém, o nosso brasileirinho faz. Pois isso ao menos o faz  conhecer cheiros, sabores, ouvir vozes e risos, e se der sorte pode ser até que alguém segure sua mão.

Não nos enganemos. A solidão é uma praga que está dizimando a paz de nossas crianças. O modelo de sociedade exageradamente consumista, um modelo que faz pensar que felicidade e amor são coisas que vendem na loja de conveniências, é um celeiro de solidão. Uma sociedade extremamente competitiva em que todos devem ser bons em tudo e aqueles que ficam "apenas" em segundo lugar não servem para nada, é uma usina de solidão. A valorização exarcebada de um certo padrão físico de beleza é cruelmente excludente e se torna também em um viveiro de solidão.

E para mim a solidão é a irmã mais velha da depressão.

Não estou aqui tentando fazer um ensaio de compreensão a respeito do gesto de Wellington na Escola Tasso da Silveira, ele cometeu uma atrocidade inominável, ele é réu nessa história toda, jamais vitima.

Mas há que se deitar um olhar mais amplo sobre quais sejam os elementos verdadeiramente nocivos para a formação do caráter e da personalidade dos nossos brasileirinhos. 

E poderíamos começar a notar que já é mais comum do que parece, encontrarmos pais que não se interessam pelos filhos e, penso eu, se uma criança não se sente pertencente àqueles de quem depende, de que maneira ela desenvolverá sua auto-estima? Não sei.

Fiquem em paz.

Jonas

quinta-feira, 7 de abril de 2011

O semeador atento.

Uma das muitas parábolas de Jesus Cristo é a do semeador. Através desta parábola Cristo chama a atenção para as várias situações enfrentadas por aquele que se dispõe a semear.

E as situações que Cristo descreve vão desde a possibilidade das sementes serem comidas pelas aves, ou que podem cair em solos áridos e espinhosos e finalmente podem cair em solo fértil onde a germinam fortes e viçosas.

A analogia que Jesus faz com essa parábola é com a própria divulgação de Seus ensinamentos, ele faz como que um alerta para aqueles que o ouvem a fim de preveni-los na divulgação de Suas palavras,  pois na divulgação pode ocorrer a mesma situação que no ato da semeadura: umas sementes morrerão e secarão e outras vicejarão no espírito de quem as ouvir.

Mas quero pedir licença ao nosso bom Jesus  para perguntar:  e quando é o próprio semeador que enfrenta aridez espiritual ou aquelas tormentas que fazem o semeador duvidar do resultado de seus esforços?

Deixando egoísmos, esnobismos, vaidades de lado, a verdade é que não poucas vezes eu me sinto inseguro nessa proposta que fiz a mim mesmo de escrever o que penso tornando públicas as coisas que me movem vida afora.

Sinto dois tipos diferentes de incômodos.O primeiro é uma certa impressão de incompetência na tentativa de dizer o que penso,  e em pouquíssimas vezes quando eu releio o que acabei de escrever, eu me convenço que eu escrevi exatamente o que eu penso. Na maioria das vezes sinto que as palavras me escapam, parece existir uma distancia enorme entre eu pensar e as palavras surgirem escritas. Penso mil palavras e escrevo apenas dez. Elas, as palavras, parecem se perder na distancia entre meu coração e o teclado.

O outro incomodo, e este é mais grave, é que os tipos de solos citados por Cristo podem ser eu mesmo. E tenho medo de me tornar desatento ou descuidado, e por não conseguir dizer exatamente o que eu quero dizer posso acabar decepcionando, frustrando ou no mínimo aborrecendo alguém.

Pode ser que venham tempestades que me desviem do caminho, pode ser que chegue o dia em que me sentirei em um deserto, ou pode ser que eu largue tudo por ai pelo vento e não haja mais nenhum sentido em tentar compartilhar o que sinto com quem me lê. E isto é desatenção e desapreço. Isso é falta de zelo, ou pouco caso com as emoções que provoquei.

É preciso cuidar disso. O semeador precisa colher os frutos que plantou. O semeador iniciou um processo irreversível que resultará em uma resposta definitiva para o seu gesto. E é necessário conhecê-la.

Se o semeador tornar-se descuidado e desatento, ou se desprezar, ou resolver que o que plantou não precisa mais de sua atenção, é certo que os frutos apodrecerão e perderão sua natureza saudável e todo tipo de transtorno virá depois disso.

É bem provável que haja uma perversão em tudo, e tudo acabe sem muito significado. Os frutos haverão de perguntar: para que sou fruto? Para que germinei e vicejei se agora ninguém me vê e eu não sacio ninguém? Será que mais tarde serei semente também? Para que?

Cuidemos meus caros. Cuidemos do que plantamos. Fiquemos atentos e zelemos por nossos frutos. Para que eles não se voltem contra nós mesmos e não saiam por ai, ferindo e matando tantos e queridos brasileirinhos nossos!

Fiquem em paz.

Jonas

domingo, 3 de abril de 2011

Músicas para o domingo 030411



Dica de @jaer51













E agora mais um capitulo da séria serie " O Beatles já fizeram isso". Uma vez assisti um capitulo dos Simpsons em que o convidado era George Harrison e que, andando pela cidade com o Bart, podiam ver alguma bandas apresentando-se e repetindo o que George e seus amigos tinham feito, então George dizia com um certo ar de enfado: os Beatles já fizeram isso. Esnobismos a parte, a verdade é essa mesma. As bandas que sucederam os Fab4 herdaram a maldição de ter que repetir o que esses moços fizeram antes. É o caso por exemplo da famosa apresentação no telhado dos estudios da Abbey Road, cena repetida com algumas variações por muita gente boa por ai. Mas falemos de duas das musicas incluidas nessa que foi a ultima apresentação dos Beatles ao vivo e que fazem parte do album Let It Be.

Get Back: apesar de ser uma gravação ao vivo sua qualidade é comparavel à versão de estudio e que acabou sendo lançada no lugar dela. É a ultima canção do album e da apresentação o que faz com que John declare de forma pungente: " Eu gostaria de agradecer a todos em nome da banda e de todos nós. Espero que a gente tenha passado no teste".

I`ve Got a Feeling: é a segunda faixa do album gravada na laje ao vivo também. A guitarra base de George é fortemente distorcida e o vocal é dividido por John e Paul. Com Paul a frente nas duas primeiras estrofes e depois acontecendo uma interessante troca de canais do estéreo, ficando Paul no canal esquerdo repetindo as estrofes e John no esquerdo fazendo o contracanto.

Fiquem em paz

Jonas








 

sábado, 2 de abril de 2011

Quem sabe o sr Aleluia lê.

( em referencia à carta do deputado Aleluia ao reitor da Universidade de Coimbra: http://qr.net/H6J )

Prezado sr Aleluia,

Pena eu não ter a grandeza intelectual de vossa excelência, minha parede lamentavelmente não ostenta vários diplomas e nem títulos que me dariam o alvará necessário para dirigir-me diretamente ao reitor da Universidade de Coimbra, como o senhor fez. Então faço-o por aqui, através de meu modesto sitio, esperando que um dia o acaso permita que estas mal traçadas linhas cheguem ao conhecimento do professor-reitor João Gabriel Silva.

Muito menos posso ter a pretensão de dirigir-me diretamente ao senhor, mas peço que debite minha ousadia na conta dessas coisas que de vez em quando se abatem sobre nós e nos fazem pensar sermos bons o suficiente para criticar as atitudes de nossos semelhantes.

O que eu tenho a dizer a ele e ao senhor  não passa nem de perto por sua tarimba com discursos contundentes, sejam de fingida indignação ou de puxa saquismo explicito, o que me leva ter que deixar fluir a sinceridade que o bom Deus me deu, e que não é, portanto, adquirida em bancos escolares. Por isso antecipo meu pedido de desculpas ao senhor se o que vou dizer não é revestido da firula  academica dos portadores de sabedoria e conhecimento.

Uma coisa parece termos em comum, sr Aleluia: o apreço, admiração e respeito pelas decisões daqueles que, a exemplo, do professor-reitor João Gabriel Silva, debruçaram-se sobre estudos a respeito de todas as coisas de todas as dimensões humanas.

Essa impressão de algo comum entre nós eu a tenho em razão de sua manifesta indignação dirigida ao professor-reitor onde o senhor declara acreditar que o preparo acadêmico seja um componente importante  para o exercício de qualquer atividade humana. Eu também penso assim, embora eu não o julgue indispensável em muitos casos.

Mas detectei e estranhei uma contradição sua, pois se o senhor admira tanto, e tem como sábios os acadêmicos do naipe do professor-reitor, como pode o senhor ter motivos para criticá-lo em sua decisão, que certamente foi tomada com a temperança e o equilíbrio sempre presente nas decisões de doutos senhores?

Eu não. Eu penso que se um homem com o reconhecido saber do professor-reitor da universidade que o senhor tanto admira, decidiu conceder ao sr Luiz Inácio Lula da Silva o titulo de doutor honoris causa, ele deve saber o que está fazendo. Acredito que o assunto tenha sido colocado sobre a mesa do colegiado decisório daquela honorável instituição e que, após amplo debate, houve consenso sobre os predicados e as qualidades sobejamente conhecidas - e que estranhamente o senhor insiste em desconhecer - do nosso estimado ex-presidente.

Sabe sr Aleluia? Nem sempre é necessária a matemática para construir certo tipo de ponte. Nem sempre o conhecimento jurídico é necessário para a aplicação da justiça. Nem sempre o conhecer biológico nos leva às curas dos males humanos. E muito menos o saber filosófico pode sempre nos ajudar no cultivo daquilo chamamos de vida em plenitude.

Penso que o olhar que os doutores da universidade de Coimbra deitaram sobre a personalidade de Lula foi o mesmíssimo que o próprio Lula deitou sobre seu povo e que soube, como poucos, mesmo sem o conhecimento que o senhor recomenda como adequado para se gerenciar um país, comandar com maestria tal, que é quase uma unanimidade em competência gerencial. Foi ele o engenheiro que construiu pontes seguras sobre as quais andou o povo em busca de melhores condições de vida, ele foi advogado quando deu-lhe um nova visão sobre justiça na medida em que deu-lhe a oportunidade de debater suas próprias necessidades, ele foi o médico que curou em muitos a dor da fome crônica que, certamente, faz doer muito mais o coração do que o estomago. E por fim ele foi o filósofo que trouxe de volta à muitas almas a verdadeira alegria de viver confiante no futuro.

Quanto a este pobre e ignorante escriba devo informar-lhe que não sei nada sobre física e sobre o resultado da fusão de ingredientes alimentares, muito menos eu jamais aprendi sobre a complexidade da construção da língua humana e sua capacidade de identificar e apreciar sabores, no entanto logo mais a noite farei um kibe de forno cujo principal ingrediente da receita é minha sensibilidade e atenção para aqueles que vão prová-lo. E garanto ao senhor que muitos que  já o provaram, aprovaram e repetiram. Muitas vezes a vida é assim, basta darmos a ela a oportunidade de acontecer.

Foi isso que o Lula fez. Foi isso que o professor-reitor fez. 

Faça o senhor também e dispa-se de suas vaidades acadêmicas, tire de suas paredes seus diplomas de não-sei-o-que e olhe para a vida como algo que em muitos sentidos já está feito e resolvido e a nós cabe apenas descobrir  o seu curso natural.

Fique em paz,

Jonas