quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Vá com Deus, bom trabalho.

É sempre muito difícil nessa época do ano resistir e não escrever algo que contenha votos de muitas felicidades, prosperidade, saúde e coisas assim.

E é bem normal botarmos o olho no futuro e, atribuindo alguma força divina ao novo calendário, ficamos imaginando que agora vai.

Tilintamos taças, abraçamo-nos, em seguida descarregamos as fotos das festas no facebook e vamos dormir. Lá pelo dia três ou quatro de janeiro estamos de novo na mesma rotina, enterrados até o pescoço nas obrigações e envolvidos inapelavelmente pela rede construída ao nosso redor que nos faz esquecer de conferir se todos os votos desejados e recebidos estão acontecendo.

E acho justo e necessário que nós todos tenhamos esses momentos de descontraída confraternização e pelo menos por algumas horas e dias dediquemo-nos a imaginar coisas boas. É de vital importância confessarmos o amor pelo próximo. Nem só de sisudez vive o homem.

E eu vim aqui hoje falar das mesmas coisas. Mas não quero falar do futuro não. Quero convidar a todos vocês que em lugar de desejar que venham coisas boas, pensem naquelas que vocês viveram. É bem possível que algum de vocês, meus raros e caros leitores, estejam vivendo alguma coisa boa nesse exato momento.

Porém sabemos que os momentos felizes - embora constantes - são bem fugazes e por isso devemos ficar bem atentos para percebê-los. A felicidade pode estar onde menos se espera: uma cena na rua, o pão quentinho, o sorriso da atendente da loja, uma palavra amiga, uma música, o prato predileto, um abraço, a acolhida, a família, a promoção no trabalho, tanta coisa, tanta coisa...Pequenas, mas muitas.

De minha parte eu digo a vocês que entre as muitas coisas que me felicitaram neste ano de 2011, está a reconquista de um emprego - coisa que demorou quase oito meses para acontecer - mas junto com ela veio uma súbita percepção de quanto é valiosa a presença dos amigos e da família apoiando, suportando e dizendo palavras de otimismo e esperança de tempos melhores.

E junto com isso retornou aos meus ouvidos uma frase sempre dita pela Rita quando saio para trabalhar e que por falta de cuidado meu  acabou por passar despercebida tantas vezes, mas que agora eu a ouço com especial prazer e, -é claro- agradeço por ela. Quando saio para trabalhar ouço da Rita: " Vá com Deus, bom trabalho".

E nesta frase estão dois ingredientes para uma parte da minha felicidade: a primeira é que vou para o trabalho e a segunda é que ele é abençoado por quem eu amo.

Obrigado Rita. Obrigado Lê, Carô e Renata. Obrigado Gigi. Obrigado minha família toda. Obrigado meus amigos reais e virtuais. Obrigado por tudo que me disseram e fizeram não só a mim mas a todos os meus.

E vocês, leitores desse impertinente blogueiro, agradeçam também para aqueles que os felicitaram de algum jeito ou que os deixaram emocionados, encantados e de bem com a vida.

Tenho certeza de que muitos momentos de 2011 valeram a pena ser vividos. 

Fiquem em paz

Jonas

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

O Natal, os moradores de rua e os bichos.

Lembro que quando eu era criança, lá em casa tínhamos cachorros. Tivemos dois. Não simultaneamente. O primeiro morreu de velhice e o segundo não me lembro como terminou a história dele conosco.

E lembro que nós os tratávamos tal e qual se tratam cachorros, pois essa era a natureza deles. Viviam em uma casinha no quintal, sem jamais entrar em casa, recebiam comida - as sobras de nossa mesa - água em latas próprias pra isso e periodicamente tomavam um banho. As vezes brincávamos com eles. E só.

E lembro também de alguns mendigos que andavam pelo bairro e que batiam nas portas das casas pedindo comida. E da nossa casa, assim como das outras casas da vizinhança, eles recebiam um prato de comida, bem arrumadinho, um copo d água e garfo e faca. E faziam suas refeições sentados nos portões das casas.

E depois a roda do mundo girou, eu cresci e fui trabalhar em Porto Seguro no sul da Bahia. Por força das minhas atividades por lá, acabei tendo um contato muito próximo tanto com a PM local quanto com o Ibama. E naqueles dias eu me surpreendi quando da minha primeira visita a estes locais. O posto da PM era uma casa velha, enfiada no meio de um jardim velho, com carros velhos na porta e internamente as instalações eram deploráveis não tendo sequer ambientes separados para os soldados masculinos e femininos trocarem suas roupas.

E na mesma quadra ficava o posto do Ibama. Ahhh que beleza. Ar condicionado, computadores, pintura moderna, quadros nas paredes, banheiros impecáveis e todos os demais equipamentos de conforto para os usuários do local. 

Naqueles dias pensei com meus botões. Caramba! Um local que abriga os profissionais que cuidam da segurança de seres humanos está em ruínas enquanto que o que cuida de passarinhos e cachoeiras é todo reluzente e moderno.

E a roda do mundo girou mais um pouco e, hoje em dia, ao mesmo tempo que se vê florescer a violência, a intolerância, a solidão e a tragédia entre seres humanos se vê também florescer  um mercado cada vez mais próspero de apetrechos para "pets" além de serviços de uma lista enorme de profissionais nas mais diversas áreas, inclusive psicologia, especializados em animais e que apresentam todo tipo de soluções e idéias para fazerem os bichinhos mais felizes e realizados.

Do lado de dentro das casas, animaizinhos fofos, perfumados e recém saídos do cabeleireiro e da manicure usufruem de confortos e serviços inimagináveis para muitos seres humanos. E do lado de fora dessas mesmas casas, separados por interfones, cercas eletrificadas e porteiros eletrônicos estão os que, impossibilitados de se comunicarem com o mundo - sem portas para bater e pedir ajuda - reviram sacos plásticos catando restos de comida que comem com o resto de suas dignidades.

Tantas soluções para pets e nenhuma para viciados em crack, crianças abandonadas e malucos em geral que habitam as ruas de nossa cidade. 

Alguma coisa está errada. Alguma coisa está fora de lugar.

Fiquem em paz.

Ah !! Eu  já ia me esquecendo: Feliz Natal - al -al - al....

Jonas

domingo, 18 de dezembro de 2011

Crime de lesa humanidade.




Já pensou se um engenheiro civil não gostasse de cálculo? E executasse suas obras apenas no "olhometro". Já imaginou se um advogado não gostasse de certo artigo ou parágrafo do Código Civil e não o usasse de jeito nenhum mesmo que seu cliente fosse prejudicado por isso? E se um médico se recusasse a receitar certo medicamento, apenas por não gostar do laboratório fabricante, e deixasse seu paciente piorar de saúde?

As respostas para essas perguntas, que podem ser aplicadas aos milhares de profissões existentes por aí, revelam que aqueles que exercem qualquer atividade devem fazê-lo sempre se lembrando do resultado de seus atos. Atos que devem estar acima de seus conceitos individuais e em favor das normas habitualmente aceitas e recomendadas para o bem da coletividade.

Pois bem. O que dizer então de um verdadeiro exercito de jornalistas brasileiros que resolveu que o que eles pensam e seus patrões pensam é o melhor para a nação, para todo a sociedade, para  todos os indivíduos.

Só para lembrar dos dois mais recentes casos de defesa dos interesses individuais em detrimento do coletivo manifestado por uma parte de nossos jornalistas fiquemos com a Chevron e o livro A Privataria Tucana.

No primeiro caso como sabemos a grande imprensa brasileira demorou algo em torno de uma semana para noticiar um grave vazamento de petróleo que estava ocorrendo em um dos poços perfurados em águas brasileiras pela empresa norte americana Chevron. O fato só foi noticiado pela grande imprensa quando a blogosfera através de seus blogueiros "sujos" escancarou o que estava ocorrendo a ponto de a PF intervir no caso. E como se pôde ler por aqueles dias tudo que a grande imprensa fazia era repetir os press realeses emitidos pela Chevron permeados de dissimulação e informações incompletas.

Os poderosos midiáticos foram incapazes de acionar máquinas, equipamentos e pessoas para se deslocar até a plataforma da Chevron a fim de apurar o que de fato estava acontecendo.

E na semana passada tivemos a desalentadora atitude da grande imprensa em ignorar solenemente uma obra de um jornalista ganhador de vários prêmios que publicou o resultado de seu trabalho investigativo de dez anos ( dez anos !! ) sobre a criminosa lavagem de dinheiro nos anos da privatização de empresas publicas efetuado pelo governo FHC.

Nestes dois exemplos - existem outras centenas - determinados jornalistas e seus editores ajudaram a construir um evento gravíssimo sobre a população brasileira: a ignorância ou o desconhecimento da verdade.

O simples gesto de omitir ou esconder a verdade proporciona resultados catastróficos pois atrasa em dias, meses ou anos a formação da consciência sobre o que é ou não o melhor para a nação.

Se imaginarmos que essas atitudes são diárias e praticadas já durante alguns anos podemos dizer que o estrago já está feito sobre futuras gerações de brasileiros que - a mim me parece impossível avaliar com precisão- levarão um tempo enorme para superar a ignorância.

Basta olharmos a Historia para enxergamos o verdadeiro mal que acomete um  povo submetido, calado e violentado em seus direitos mais básicos via ignorância e desconhecitmento.

Assim fizeram os colonizadores ao tempo das grandes descobertas em especial aqui na nossa America Latina. Assim ainda fazem na África atualmente. E é isso que se vê acontecer todos os dias no oriente médio.

Recordemos Hitler e sua mentirosa propaganda de poder e desenvolvimento que possibilitou dizimar milhões de pessoas. Recordemos todos os sanguinários ditadores mundo afora cuja primeira providencia na chegada ao poder é calar os jornais, calar todos os meios de comunicação.

Os jornalistas brasileiros que, a exemplo de tantos outros profissionais que pouco se importam com os resultados muitas vezes trágicos dos seus atos sobre outras pessoas, mentem, dissimulam, disfarçam, omitem estão cometendo um grave crime: estão interferindo diretamente na construção da consciência de uma nação. Estão impedindo de maneira deliberada que milhões de seres humanos tenham acesso à verdade e, através da verdade, construírem para si mesmos suas opiniões, seus valores, seus ideais.

Não se trata mais de ficarmos debatendo se um jornal tem ou não determinada cor partidária, ou se esse ou aquele jornalista disse a verdade sobre os fatos. Trata-se de passarmos a discutir um crime que tenho certeza que está tipificado no Código Civil que é a censura deliberada e com ela a ocultação de crimes e seus autores ou o oposto disso que é a acusação de inocentes. O que é um desvirtuamento da profissão, pois se trata de uso indevido de um poder para subjugar os mais incapazes.

Cada dia sinto mais nojo, cada dia fico mais atônito com o crime de lesa humanidade cometido por essas pessoas. Para mim tratam-se de crimes tão hediondos como seqüestro e abuso de menor ou idoso. Esses crimes comparam-se a estupros e outras perversões de violência e resultados impensáveis.

É abjeto. Esses jornalistas não são dignos de permanecerem em sociedade pela tamanha desfaçatez e pouco caso que fazem da  natureza humana. O escárnio com que lidam com a inteligência dos demais indivíduos é repulsivo.

Estão fazendo nossa sociedade perder a noção das linhas que separam a realidade da fantasia. Forçando um povo valioso a parar de pensar e de falar. Assumiram para si a tarefa de conduzir o pensamento nacional. Isso é um roubo nojento.


Fiquem em paz ,
Jonas

sábado, 17 de dezembro de 2011

Com a cabeça nas nuvens











Costuma se dizer  por aí que a realização de um fotógrafo é capturar momentos raros. Algo assim como um beija-flor beijando uma flor, um olhar apaixonado, uma tragédia humana e coisas parecidas.

Desde que me descobri um entusiasta da fotografia, atenção eu disse entusiasta, que é mais ou menos igual a leigo ou amador e há quem prefira hobby. Pois bem, desde que me descobri um entusiasta da fotografia saio por ai atento a todas as coisas em busca de um momento raro ou então procuro deitar um olhar sobre as coisas de maneira a proporcionar a quem ver o que eu fotografei a impressão de estar olhando algo incomum.


E foi então que me dei conta de que todos os dias, em todos os momentos, bem em cima de nossas cabeças acontecem coisas raras ou ainda melhor, únicas: as nuvens e suas formas.

 Podem ser parecidas mas não iguais. Jamais se repetem.

E foi assim que passei uns dias olhando pro céu e fotografando nuvens, apenas para sentir o prazer de capturar um momento que nunca mais se repetirá. Nunca mais.

Fiquem em paz

Jonas

sábado, 10 de dezembro de 2011

Cuidemos da politica.

Olhando para a Europa e Estados Unidos e vendo o fracasso, por hora parcial mas que caminha para total, do modelo econômico adotado por seus governantes entende-se que - e isso deveria preocupar as sociedades um pouco mais do que está preocupando - que a economia, leia-se capitalismo ou neo-liberalismo, está de uma vez por todas assumindo o lugar dos governos fazendo com que os atos dos chefes destas nações deixem de lado as questões sociais e de desenvolvimento em segundo plano. Pelo menos aparentemente.
 
A política nesses lugares está em cheque, e quando a política vai mal a democracia também vai mal. Os debates sobre economia se sobrepõem à qualquer outro que seja do interesse dos cidadãos. Não se fala em outra coisa além de ajustes que devam ser feitos em qualquer área para salvar a moeda, os bancos e demais pessoas jurídicas. 

Todos os dias os lideres daqueles países reúnem-se entre eles mesmos e falam, e falam, e falam sobre medidas e coisas e tais, o que fizeram, o que estão fazendo e o que vão fazer, em uma interminável e vergonhosa prestação de contas  ao poder econômico sem sequer lembrarem-se de convidar as entidades civis, órgãos representativos da população ou ao menos seus parceiros políticos  para pensar junto com eles sobre como resolver a crise. Ao que parece não se cogita caminhos alternativos que não passem por arrochos, renuncias, redução de serviços públicos e tudo o mais que não signifique encher os bolsos da banca. E o que é pior: a ameaça do banimento do direito às benevolências do FMI e do Banco Mundial caso não se cumpram as normas ditadas.

E aqui no Brasil a coisa se dá de maneira mais ou menos igual. Apenas que em razão da economia estar indo bem obrigado, pelo menos até agora, a pauta é a corrupção, um jeito que a grande imprensa e a oposição encontraram de melar o jogo político. Longe de despertar na sociedade um debate sobre o aperfeiçoamento da nossa ainda frágil democracia - via leis de regulação da imprensa, regras partidárias e eleitorais, etc - o que está sendo mostrado à população todos os dias é a inutilidade da política uma vez que, assim deseja a grande imprensa e a oposição, todos os políticos são corruptos.

E a impressão que temos aqui no Brasil é de que nada está sendo feito na direção das politicas sociais e de desenvolvimento humano o que as desqualifica essa medidas como essenciais para um povo. Mas é só impressão. Pois apenas não há destaque para as providencias governamentais na direção do bem comum.

E onde se juntam a Europa, USA e Brasil e quiçá o resto do mundo? Juntam-se na pavimentação da avenida em que  irão circular folgadamente os interesses econômicos globais que aqui no Brasil são em especial o pré-sal ( que se dependesse do Serra já era da Chevron), a  floresta amazônica infestada atualmente de ONGs internacionais - patrocinadas pelos goldman sachs da vida - que se propõe a cuidar e explorar "sustentavelmente"* desde o subsolo até a estratosfera daquela região, jazidas minerais diversas, potencial hídrico e biodiversidade. Chega ou quer mais?

Dessa maneira percebe-se que ao relegar a política a um plano inferior das relações nacionais, desmonta-se a democracia e cria-se o tão sonhado regime capitaneado pelo capital financeiro cujo controle total ao fim de tudo pertencerá ao pequeno grupo das "pepsicos" e "chevrons" e a humanidade que se dane.

Eu já disse aqui no Saúva que a política é o para-choque da democracia. Precisamos cuidar mais e estimular mais ainda o debate político de maneira serena e construtiva, pois é o único caminho para a consolidação de nossa democracia e por tabela do bem de todos que está bem longe dos interesses ditatoriais do capital. A politica é o único freio eficiente que pode segurar as desabaladas carreiras contra a democracia.

Convido-os a lerem uma reflexão mais bem elaborada  que a deste impertinente blogueiro, no blog do Esquerdopata, bem aqui. 

Fiquem em paz,

Jonas

*sustentabilidade é o nome modernoso para golpes ditatoriais executados pelo capital especulativo.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Há um tempo para tudo

Dos livros da bíblia um dos que eu mais gosto é o Eclesiastes. Talvez seja por sua linguagem simples e direta, sem aqueles rodeios enigmáticos que são bem comuns na maior parte das sagradas escrituras.

E é o Eclesiastes que nos fala a respeito das múltiplas dimensões da vida. Diz ele que há um tempo para tudo debaixo do céu. E seu texto ressalta os muitos momentos, e que são opostos por sua natureza, que a vida sempre nos revela como juntar e separar, rir e chorar, curar e matar. Para mim isso é a simultaneidade, ou harmonia da criação ou ainda a plenitude da vida.

Mas o homem inventou a palavra prioridade e a partir de então passou a interessar-se por apenas duas ou três coisas na vida, o que tornou o mundo estreito demais.

Pelo que se percebe o homem  passou a olhar do lado de fora, como que por uma janela, o que é a vida e seus tempos, ou sua simultaneidade.

E come mal, mora mal, trabalha muito, cuida-se pessimamente, não ama - ou ama muito pouco -, não contempla, não ouve, não olha. Ri quase nada, chora muito pouco e medita menos ainda. Apenas fala e fala e fala.... E falando parece disfarçar suas angustias, seus medos, suas limitações.

E tome gastar laudas e laudas de papel em jornais e revistas, incontáveis terabites na internet, milhares de elétrons televisivos e infinitos quilômetros de ondas radiofônicas para discorrer soluções econômicas e políticas que prometem trazer, enfim, a felicidade suprema para toda a humanidade. Mas não trarão.

E não trarão simplesmente por que não se discute mais a humanidade. Palavras como solidariedade, fraternidade e igualdade ( que serão repetidas levianamente e ad nauseam no Natal que se aproxima ) foram substituídas por PIB, superávits, investimentos, turn over, profits, IGP, per capita, secretarias, gestão, expertise e mais um amontoado de siglas que não significam mais nada além de disfarces para distribuição de capitanias que já foram hereditárias e agora são cotas partidárias.

O tempo e todas as sua dimensões passa ao largo de tudo isso. O homem continua e continuará sempre vivendo suas contradições e suas mudanças. E não há como evitar que isso aconteça.

Que venham então todos os nossos tempos. Haveremos de poder vive-los todos com a mesma intensidade.

Que possamos perceber todos os tempos com serenidade a fim de que não se quebre a harmonia da criação. Que nos inquietemos ou exultemos, que choremos ou riamos, que amemos ou odiemos, na medida certa sem as paixões que nos pervertem e retiram nossa humanidade. E impedem que a vida aconteça em plenitude dentro de cada um de nós. 

Fiquem em paz

Jonas

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

... e contam-se também os raios.



Caetano Veloso, em sua música Alegria, Alegria, questionava-se cheio de preguiça diante da banca de revistas: "quem lê tanta noticia?".

Mal sabia ele que em breve as noticias deixariam de ser passivas, ou seja, deixariam de ficar lá na banca aguardando quem delas fosse tomar conhecimento, para tornarem-se ativas espalhando-se por todos os cantos dando a saber, para todo mundo, o que se quer e o que não se quer conhecer.

Vivemos dias em que o simples gesto de tomar um elevador implica em ser informado sobre várias coisas. Dentro dos elevadores pode-se olhar telas que, naqueles poucos segundos do trajeto de um andar para outro, nos informam a temperatura em Montreal, resultado das eleições no Zimbabwe ou como descascar um kiwi com apenas dois cortes de faca.

Mesma coisa nos trens do metrô ou nos onibus. Lá estão as telinhas dando o resumo das novelas, informando para que lado sopram os ventos alisios e de quem aquela celebridade acha que está gravida.

Idem nas salas de espera de qualquer coisa. E também nos bares e restaurantes. Sendo que nestes ultimos a presença dessas telinhas acaba por constranger amigos e casais que, em lugar de conversarem e confraternizarem, acabam por interessarem-se pelas mensagens da dita tela com brilho hipnótico, desligando-se da conversa dos parceiros de mesa.

Acabou por criar-se um mundo de compulsivos por informação que não param de cutucar seus celulares, tablets e notebooks em busca de não sei o que, mas que parece inadiável, a ponto de alienarem-se de tudo que está em volta com o comportamento tipico de um dependente do brilhozinho viciante das telinhas.

Só falta alguém um dia criar um "informometro" um aparelho que poderá medir quanto um cidadão recebe de informações durante seu dia, mesmo sem querer e, menos ainda, sem precisar delas. 

Não! Espera não quero isso não! Se algo assim for possivel, é mais uma informação para ser martelada por aí. E surgirão os especialistas neurais para dividir as informações em úteis, semi-úteis, preventivas, de poupança, analiticas, posteriores e momentaneas. E de quebra comentariam as reportagens especiais que certamente seriam feitas sobre a nossa infinita capacidade para absorver coisas inúteis. 

Tão inuteis como ficar sabendo que na terça feira passada na cidade de São Paulo, no período da tarde, espoucaram 475 raios.  Raios!

Fiquem em paz
Jonas

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

A Chevron, os Ministérios e a humanidade


Somente ontem a noite os jornais televisivos começaram a noticiar e assim mesmo de maneira incompleta, leiam um exemplo aqui , um vazamento de óleo que está acontecendo desde o dia 09 (!) na costa brasileira em um poço de petróleo perfurado pela Chevron. O que se viu até agora é um estranho desinteresse pelo caso, não apenas por suas conseqüências ambientais que ainda são desconhecidas e por ser algo raro no nosso mar, mas em especial por tratar-se de fato cometido por empresa privada e multinacional.

Ao mesmo tempo, o que se leu por exemplo, no site Brasil247 no dia quinze ultimo, foi uma tentativa de desviar a atenção sobre acidentes desse tipo para cima das costas da Petrobras insinuando incapacidade e incompetência da nossa petrolífera, uma vez que esse tipo de atividade - a prospecção de petróleo em alto mar - será a mais rentável atividade da Petrobras em um futuro próximo. O jornalista autor do texto sem o menor pudor não faz uma só critica à ocorrência do momento, ou seja, ao vazamento no poço da Chevron.

Já na revista Isto É , versão eletrônica, o que não faltam são nomes, dados, datas,  e uma riqueza de detalhes impressionantes que emprestam às denuncias sobre corrupção no Ministério do Trabalho ares de verdades indiscutíveis. É uma fartura tal de provas que o leitor pode ficar admirado com a competência dos jornalistas e bastante indignado - não sem razão - com a bandalheira dentro de um órgão importante da República.

Não quero mais ficar avaliando quem diz a verdade, onde está a imparcialidade ou a honestidade ou a falta disso tudo. Muito já se falou sobre isso e haja criatividade para poder dizer algo novo a respeito. Sem contar que é uma temeridade tomar partido de qualquer coisa ultimamente, pois pode ser que no dia seguinte descubra-se que o que se tratava realmente era de falta de informação.

O que está ficando escancarado a cada dia é a ausência de humanidade. Embora sejamos daquela espécie que denominamos humanos, o que está parecendo é que perdemos a capacidade de exercitar justamente a característica mais marcante de nossa natureza que eu acho que seja o interesse pelo bem comum. Algo que se alcança através da igualdade, da justiça e da verdade, mesmo sabendo que esses termos estejam meio em desuso em nossos dias.

Há cada vez mais ambigüidade, cada vez mais dissimulação e desejos inconfessáveis de se alcançar algum tipo de poder, mesmo que seja um poder menor.

Está parecendo que o ser humano que sempre foi o agente direto e principal ator na construção daquilo que pode ser um mundo melhor para se viver, torna-se ao mesmo tempo apenas coadjuvante, secundário, quando se trata de usufruir desse mundo melhor.

Existe uma corrida cega numa hora para o norte, depois para o sul, em seguida para o leste e de repente para o oeste, ao sabor de invisíveis comandos, incolores e inodoros sem rosto e sem voz, cuja atuação começa nos confins de não sabemos onde e que acabam por interferir em nossa natureza.

Ficamos aqui ladrando (ou debatendo o assunto do momento entre os globais, que são estranha e unanimemente contrários a construção da usina de Belo Monte - leiam aqui ), enquanto a caravana passa.

Até quando haveremos de assistir impassíveis a extinção não dos humanos, mas da humanidade? Até quando adiaremos indefinidamente a reais urgências humanas que passam por alimentação, por saúde e por educação? 

É angustiante saber que existe um plano, que é ao mesmo tempo um invisível e incomodo plano de futuro para o Brasil, a respeito do qual não sabemos quem vai executá-lo e sequer sabemos se faremos parte dele.

Fiquem em paz

Jonas

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

A minha pequena poetisa

" Todas as vezes que eu vou comprar flores
  eu trago você"

Antes deixa apresentar a autora dessa frase. É a Giovanna, também chamada por todos de Gigi e por mim de Passarinho, minha neta.  E que por todas as circunstancias boas da vida ela, e a mãe dela também, vive conosco desde que nasceu.

E eu já disse algumas vezes aqui no Saúva o quanto o surgimento da Gigi em minha vida, ou em nossas vidas, serviu de causa para que eu refletisse um tanto a mais sobre o que é viver. 

Algo semelhante aconteceu com o nascimento dos meus filhos, no caso deles eu acho que o mais marcante foi a emoção de ver a vida podendo ser multiplicada através de mim, algo que até hoje me encanta. Mesmo sabendo-se explicar por aí tim-tim por tim-tim todo o mecanismo da reprodução humana, para mim ainda tem todo o jeito de milagre, e sendo milagre é sempre admirável. 

Mas uma porção de outras coisas, em especial a vida para levar, me impediram de contemplar o suficiente em meus filhos o que é a transformação pela qual todos passamos vida afora.

E com a Gigi eu tive esse tempo. O tempo da contemplação. E ao ver na Gigi tantas mudanças todos os dias eu acabei por vê-las em mim mesmo. E por entendê-las em todas as pessoas. E deixei de lado um pouco da minha rabugice, das minhas coisas resolvidas para sempre, das minhas teorias sobre como, onde e quando viver as coisas, da minha insistência em ver tudo do jeito que eu decidi que tem que ser visto.

Antes eu gostava do azul. Agora eu também gosto do azul celeste e do azul marinho. Antes eu gostava só do sol, agora também gosto da chuva. E de uma hora para outra comecei a prestar atenção em sinônimos das palavras.

E vejo como o amanhecer e o entardecer é sempre diferente a cada dia. Absolutamente não se repete, é sempre único.  Sendo que o entardecer tem sempre mais cores do que o amanhecer. Será que isso tem alguma coisa a ver com o ocaso da vida?

Mas voltando a frase que está lá em cima, a Gigi a escreveu em um caderno no qual ela atualmente está escrevendo versos. E tem coisas tão bonitas quanto essa que eu escolhi para dividir com vocês. E é certo que a Gigi está manifestando um dom maravilhoso.

E fiquei querendo que existisse em nós a possibilidade do aprisionamento dos dons de forma que nós jamais os abandonássemos. E que fluíssem facilmente de dentro de todos nós as declarações de amor à vida e aos outros.

E que quando coisas lindas se manifestassem na gente nós pudéssemos eternizá-las e manifestá-las para o resto da vida. 

E que as durezas do mundo não pudessem nunca abafar a beleza que reside naturalmente dentro de nós. 

E que fossemos todos nós uma fonte inesgotável do bem e da exaltação da vida e do amor.

Espero que com a Gigi seja assim.

Fiquem em paz.

Jonas








quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Descobri um leitor da Veja.




Está lá no Facebook um texto da Veja de nome A Rebelião dos Mimados. E é um textozinho com a cara e o jeito da Veja: parcial, intolerante, maniqueísta.

O autor do texto, um certo senhor Sperandio, vai da ironia à insensatez, do preconceito à sandice. Durante toda a sua aberração jornalística ele desqualifica os estudantes rebelados na USP, baseado em que, por tratar-se de indivíduos  medianamente abastados, não tem o direito de  reclamar.

E ele menciona marcas de roupas e de carros, ironiza que alguns vão até em casa para tomar banho e trocar de roupa para alegar que pessoas nessas condições são apenas uns mimados sem ter o que fazer e que não tem o direito de oporem-se a nada.

E tome preconceito, e tome falação ordinária, e tome adjetivos descabidos.

Assusta ver como a Veja acolhe cada vez mais em sua redação pessoas incapazes de enxergar outros indivíduos como seres pensantes e donos de luz própria.

E pior que isso a Veja "ensina" aos seus incautos leitores que um ser humano é apenas aquilo que ela decide, carimba e divulga. A Veja quer ser a dona da verdade em todas as dimensões vividas por um ser humano, independendo se este mesmo ser humano é um poço de pensamentos, de tendências, de crenças e comportamentos impossíveis de se contar e de se comparar. A Veja faz questão de não querer saber que uma das mais marcantes diferenças entre os homens e os bichos é a capacidade de pensar e mudar que tem o ser humano. Que o homem muitas vezes é contraditório e é por causa de suas contradições que ele avança.

Para a Veja bandido é bandido, rico é rico, pobre é pobre, santo é santo, etc... e com isso ela estabelece gabaritos com os quais seus inadvertidos leitores passam a julgar o resto do mundo. Um sujeito devidamente carimbado pela Veja passará o resto de sua vida sendo aquilo que ela carimbou. Como se fossem todos uns pés de alface ou bois em um curral. A Veja desconhece as intrigantes e maravilhosas nuances do pensamento humano.

E foi lendo tudo isso que eu me lembrei de outro certo sujeito de nome Dâniel Fraga e que tem um canal lá no Youtube o qual eu fiquei conhecendo por causa de um videolog chamado Welcome to 2014 BRAZIL WORLD CUP 

Antes de tudo faço questão de dizer que publico esse link contra a minha vontade, mas não posso deixar de fazê-lo se quero falar dele.

Pois bem esse moço tem lá uma coleção de vídeos em que ele deita falação sobre o que quer e o que não quer, sempre de maneira incisiva, definitiva, mandatória como se fosse um decreto real, e em todos desce a lenha regada com boas doses de desconhecimento de causa, calunias e outras cositas mas, sem dar nem mesmo algum espaço para a dúvida ou checagem da fonte. Ele fala e ponto final.

E nesse vídeo em especial ele se dirige com uma autoridade espantosa, como se de nós brasileiros tivesse recebido algum tipo de procuração, a todos os povos do mundo inteiro dizendo a eles para que não venham ao Brasil na Copa do Mundo e faz uma lista de imbecilidades as quais, segundo ele, são a normalidade do cotidiano brasileiro. Eu não vou listar aqui todas as aberrações que esse moço fala contra o Brasil e de nós brasileiros. Eu e vocês meus caros e raros leitores não temos tanta paciência assim.

Mas o fato é que por tudo que ele diz eu suponho que ele viva dentro de um bunker e sua subsistência é garantida por alienígenas que, via transportadores de moléculas, enviam a ele viveres, materiais de higiene e cuidam de abastecer sua toca - diretamente do espaço- de eletricidade, água, internet, telefone, enfim essas coisas que só ele tem.

Segundo esse moço o Brasil não existe. Segundo a lógica doentia dele isso tudo que nós, os outros cento e noventa milhões de brasileiros, fazemos todos os dias é ficção, nós na verdade não existimos. Somos apenas fruto da sua sociopatia. 

Deduzo que ele é cria da Veja. De tanto ler a Veja ele ficou assim. Dá pra desconfiar que ele quer engrossar as fileiras dos articulistas  daquele esgoto. 

Torço para que a Veja acabe logo. O estrago que ela está causando na nossa população, embora ainda que seja em uns poucos distraidos, pode ser que se alastre para todo o país e virando uma especie de virus que ataque nossos cerébros e nos transforme em um exército de Brancaleone.


Tem mais uma coisa: o português desse tal Dâniel é péssimo.

Fiquem em paz,

Jonas












quarta-feira, 9 de novembro de 2011

USP: o fumacê atrapalhando a visão.




O assunto da semana tem sido a invasão de estudantes de um dos prédios da USP (vão me dando licença mas me dispenso de ficar identificando prédios e faculdades, isso absolutamente não vem ao caso ) o que teria ocorrido em represália a uma suposta truculência policial quando tentava reprimir consumo de maconha por parte de três estudantes.

A partir dai o que se viu foram laudas e laudas escritas algumas a favor e outras contrárias a invasão.

Alguns chamaram os estudantes de playbozinhos e outros chamaram os policiais de brutamontes.

Outros aproveitaram e lembraram-se da urgente necessidade de liberar as drogas enquanto alguns não deixaram de posicionar-se em favor da continuidade da proibição.

Uma parte quer o fim do policiamento efetuado pela PM em território da USP e outra parte não quer.

Até aí acho tudo normal. Trata-se de um debate dentro de um regime democrático em que todo mundo, inclusive esse modesto escriba, tem o direito de falar dando sua opinião a respeito. E a minha opinião é a que se segue.

Para começar eu desconfio que tenha havido por parte dos policiais o que se costuma chamar de excesso de zelo. É aquela cena que todos já conhecemos: os soldados foram chegando de peito estufado, falando grosso e constrangendo os indivíduos. O que é errado em qualquer lugar, não só dentro da USP.

E pelo que pareceu também, é que os moços consumidores da maconha resolveram peitar os soldados. Aquelas coisas do tipo: comigo não! Aqui o buraco é mais embaixo! E vai por ai afora. O que evidentemente ninguém tem o direito de fazer.

E o que poderia ser apenas uma dessas discussões parecidas com aquelas em que o guarda de transito quer multar por estacionamento proibido e o motorista insiste em dizer “que foi só por dois minutinhos", ou seja, uma discussão corriqueira e inócua, acabou virando esse furdunço todo. 

E como não poderia deixar de ser o Juiz que foi chamado para apaziguar as partes, resolveu ficar do lado do que diz a Lei e devolveu um bem público para quem ele pertence: o público.

Aqueles que condenam a ação da policia o fazem esquecendo-se talvez que a policia tem um papel perfeitamente delineado nessa história toda, que é inclusive o de reprimir o uso de drogas, pois até hoje, e pelo que sabemos, as únicas drogas que tem o uso liberado são o tabaco e o álcool.

Quanto aos que defendem que haja apenas segurança particular naquela área, devem lembrar-se que quando se trata de segurança privada em qualquer lugar, a relação entre agentes e usuários ou freqüentadores é sempre muito parecida com a relação empregado X patrão, o que dá um certo receio nos cuidadores da segurança de ultrapassarem uma linha que nem sempre é muito bem estabelecida e acabarem perdendo o emprego.

Agora os estudantes, orientados pelo sindicato dos trabalhadores da USP, engrossaram a voz, ameaçando com greves e mais alguns tumultos, e pedem não só o fim do policiamento ostensivo da PM, mas também a revogação de processos administrativos contra funcionários e alunos.

Está parecendo que em cima da expressão que pude ler em vários lugares, de que a universidade é um templo de sabedoria, conhecimento e debates de idéias, tem muita gente buscando privilégios para poder ficar acima das Leis que de resto são Leis tão comuns quanto as que regem a convivência humana dentro de um condomínio de apartamentos ou o transito de uma cidade.

O fato de um individuo botar os pés dentro de uma universidade não faz dele um luminar da civilização e mesmo se o fizesse não o coloca acima do bem e do mal. Acrescente-se ainda que existem muitos indivíduos que saem das universidades tão ou mais medíocres do que quando entraram nela. São todos seres humanos, apenas.

Justamente de dentro da universidade deveria vir o exemplo de não fomentar o classismo e de não criar elites. Agindo do jeito que estão agindo esses estudantes e mais quem os rodear estão se comportando do mesmo modo que a revista Veja - que mais uma vez merece nota zero - que ao noticiar o assunto usa todo o tipo de adjetivos para citar os estudantes ( entre eles mimados, e mauricinhos)  o que serve apenas para fomentar e ressaltar a elitização. Ou seja, o assunto já está virando uma exacerbação de preconceitos e de broncas generalizadas ao invés de tornar-se um debate civilizado.

Assim não vamos chegar a lugar algum. Ou melhor, corremos o risco de chegar ao lugar errado.

Fiquem em paz
Jonas

sábado, 5 de novembro de 2011

... e a nossa música tocou.



Para a Rita.


Caminhava eu por uma rua aqui perto de casa. Ao chegar quase em frente uma loja de discos, pude ouvir ainda um pouco longe os acordes de uma música muito conhecida minha e que me trouxe lembranças emocionantes.

E durante os poucos passos que dei para cruzar a porta da loja, pensei aquela quantidade imensa de coisas que as vezes somos capazes de pensar de uma vez só. E pensei em como o meu desemprego - que já dura um tanto mais que o normal - tem me tornado mal humorado, impaciente, irritado. Pensei em como quando vivemos situações aflitivas como essa perdemos um tanto do sabor da vida. E a vida vira um deserto.

Parece que abandonamos nossa capacidade de refletir e de pensar sobre qualquer coisa que não seja resolver os problemas que envolvem falta de grana. E fogem de dentro da gente as pequenas e acalentadoras lembranças dos prazeres da amizade, amor, zelo, atenção.

E lembrei do Cazuza e de sua música "Codinome beija flor" em cujos versos ele diz " .. que coincidencia é o amor, a nossa música nunca mais tocou.". Certamente querendo dizer com isso que ao acabar o amor, acabam-se também as emoções que ele causa e tudo vira apenas lógica. E vão-se a poesia e as sensações.

E me dei conta de que a maior parte do ultimos tempos tenho esquecido até mesmo de contemplar as coisas. Contemplar deve ser a melhor expressão de amar.

E nos poucos segundos que durou minha passagem pela porta da loja ao som da música que tocava percebi  em mim, felizmente, o contrário de tudo que eu estava pensando sobre mim mesmo. E  meus olhos marejaram e eu vibrei cheio de amor, de amizade, de zelo e atenção. E percebi que não estou em deserto nenhum. Que não perdi minha capacidade de contemplar e que a nossa música ainda toca!

Fiquem em paz,
Jonas

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O pitos de Lula

Dias atrás eu estava na estação Brigadeiro do metrô, na fila para recarregar meu bilhete único. Na posição que eu estava eu ficava bem ao lado daqueles leitores eletrônicos que permitem ao usuário ver quanto tem de credito em seu cartão. E nesse momento vi que uma senhora, aparentando uns 40 anos, tentava justamente usar os tais leitores sendo que um deles estava fora de funcionamento. Tomei a iniciativa - que de inicio pensei ser gentil - e disse a ela: senhora, esse leitor não está funcionando, use aquele ali. A senhora foi para o outro e nitidamente tinha dificuldade de inserir o cartão no tal leitor. Nesse momento a fila andou e eu para não perder meu lugar andei também, porém continuei a acompanhar a senhora com os olhos, torcendo para que ela acertasse colocar o cartão na engenhoca. Porém não conseguiu e passando por mim, meio brava, pude ouvi-la dizer em tom raivoso: eu tenho que morar no Brasil, mesmo!

Fiz esse preâmbulo apenas para que sirva de gancho ao comentário que tenho a fazer a respeito de muitos de meus patrícios e seu desejo cada vez mais latente de que o Brasil dê errado e a sua perturbadora recusa em admitir que o Brasil caminha a passos largos para consolidar sua soberania econômica, política, intelectual e tecnológica.

Penso que a subida de Lula ao poder tenha servido para recrudescer nosso já patológico  preconceito de classe e de raça, uma vez que caiu por terra a secular divisão entre Casa Grande e Senzala vigente no Brasil.

Passadas tantas décadas em que não fizemos outra coisa senão delegar aos brancos de olhos azuis a tarefa de conduzir nossos destinos e agradecermos contentes os espelhinhos e bijuterias que nos traziam os viajantes do Atlântico Norte, nos vimos subitamente e através de Lula capazes de gerir nossas próprias coisas e decidirmos a respeito de nosso próprio destino como povo e Nação.

O Enem não presta. O SUS não presta. A Petrobras não presta. A Copa de 2014 vai ser uma vergonha. A erradicação da pobreza não presta. A banda larga popular não presta. O Bolsa Família não presta. ETEC não presta. O PIB nordestino (nunca dantes tão alto) não presta. O BNDES não presta. O bilhete único do metrô não presta. Uma lista enorme de "não presta" pode ser lida, vista e ouvida através da imprensa diariamente.

Nada presta pelo simples fato que através desses institutos estão abertos os caminhos para resolvermos por nós mesmos o que queremos ser. 

É dolorido para muita gente admitir que estejam criadas as condições para o fim do corporativismo. Estamos agora às vésperas  do fim da liberdade como coisa privada e da distribuição de riqueza como sendo "dádivas da natureza", que condenaram a pobreza tantos milhões de brasileiros por sua simples origem geográfica. O classismo intelectual está ferido de morte. Está sendo garantido a todos o acesso democrático a cultura e ao conhecimento.

Não me chamem de fascista por favor, mas dá pra fazer uma analogia singela sobre o comportamento de Lula no governo como sendo ele aquele pai ou aquela mãe responsável  que não se cansa de, todos os dias, orientar e passar pitos nos filhos mandando-os estudar, escovar os dentes e cuidar de suas coisas. Mães e pais assim criam seus filhos para o mundo e não para viverem dependentes para sempre.

Deve ser por causa desses "pitos" disfarçados em projetos e realizações sociais do Lula,  que se vêem todos os dias um monte de "crianças" birrentas por aí, há escreverem em blogs, emails e em comentários pela web que não vão fazer a lição de casa, não vão escovar os dentes e nem vão cuidar de suas coisas. E que, num ódio infantil aos pais, declaram que eles não sabem de nada.

Assim como aquela senhora do metrô que ao não conseguir inserir o cartão em uma leitora, nem pensa em aprender como se faz e bota a culpa no país. Culpar os outros indiscriminadamente é um disfarce para a incompetencia.

Fiquem em paz

Jonas



















domingo, 30 de outubro de 2011

Na saúde e na doença.



Desde ontem a noite navego pela web lendo comentários,  sendo quase a totalidade deles em apoio ao Lula, desejando-lhe força e coragem na luta contra o tumor que implantou-se em sua laringe.Até mesmo figurinhas carimbadas da oposição manifestaram sua solidariedade ao Lula dizendo que esperam que ele supere mais essa. E acho que é assim mesmo que tem que ser.

Esses momentos são muito semelhantes àqueles que acontecem vez ou outra no futebol em que o atacante interrompe sua jogada chutando a bola pra fora do campo quando vê o jogador adversário caido no chão e precisando ser atendido. Bacana esse tal de fair play. É sempre desejável e muito bem vindo.

Mas como tudo na vida tem um mas aqui vai o meu.

Num gesto bem temeroso de ousadia entrei em um daqueles sitios blogosféricos muito visitado e aplaudido pela massa cheirosa e limpinha ( podem ler aqui, mas não esqueçam de lavarem as mãos depois de sairem de lá ) de propriedade daquela revistinha sediada às margens do mal cheiroso ( que contradição! ) Rio Pinheiros e cujo autor - o sr Repugnaldo Azevedo - é um contumaz achincalhador, esculhambador, caluniador, infamante e alucinado agressor de tudo que vem do Lula, da Dilma e do PT.  Em razão das trinta moedas que recebe do mafioso Civita o mr Azevedo me causa nauseas e assombro pelo seu desejo obsessivo  em humilhar e envergonhar todos que ousam demonstrar um minimo de apreço pelos menos favorecidos.

E o que chamou minha atenção no tal texto é que mr Azevedo faz um confuso jogo de palavras no qual pretende dizer que não vai misturar doença com politica - mas mistura sim -e comenta que doença não é lição para ninguém mas apenas algo para ser tratado. E vai mais longe o candido e cinico mr Azevedo, ele declara que deletou comentários desrespeitosos ao Lula pois há que se ter respeito e separar uma coisa da outra. Mentira. Os comentários estão lá sim todos eles doentiamente odiosos, escalafobéticos, peçonhentos e vergonhosos feitos pelos trols de sempre. Aquele sitio sempre abrigou esse tipo de gente. Aquele sitio é perfeitinho para a pratica de tudo que é abjeto em termos de politica.

É espantosa a hipocrisia de mr Azevedo ao dizer-se contrário a esse tipo de comentário. É hipocrita pois ele diariamente alimenta esse tipo de ranço, misturado com preconceitos e racismos.

E mr Azevedo mente mais ainda quando diz desejar melhoras ao ex-presidente de todos os brasileiros, inclusive dele mesmo. Não dá acreditar que mr Azevedo seja capaz de atitudes humanitárias. Esse sujeito como eu já disse pode querer fazer a Republica, a democracia e a liberdade de expressão ruirem em favor de quem o paga. Suas ideologias vesgas e teéfetepistas não admitem misericordia nem comiseração. E como eu já disse é capaz de mentir, caluniar e difamar quem ousar ser contrário aos baixos interesses dos seus patrões, que além dos Civita, são também algumas figuras da direita udenista, a Globo e seus assemelhados.

Não cabem gestos de grandeza na personalidade deste individuo. Nem de longe ele consegue conviver civilizadamente com seus contrários.

Que mr Azevedo não minta ou engane mais uma vez os seus leitores. Não queira fingir-se de pessoa dotada de emoções e compreensão da finitude humana. Pois sendo desprovido de coluna vertebral certamente não pertence a nossa raça.

Mr Azevedo está longe, muito longe, de entender os principios básicos da democracia entre os quais se diz que a vontade do povo é soberana. E se foi o povo quem colocou o Lula e depois a Dilma no poder ele que respeite.

E que busque juntos com seus correlegionários maneiras mais inteligentes e convincentes de fazer  a população votar em quem ele deseja, apresentando planos e sugerindo algo mais produtivo do que xingar e ofender sem nenhuma razão. 

Fiquem em paz
Jonas

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Com licença cansados, cabe mais um?



Qualquer hora dessas peço licença aos marchadores cansados e entro em suas fileiras. Vou sentindo uma baita frustração. E olha que eu sou um desses otimistas incuráveis. Daquele que ao ganhar um chaveirinho do pai, sai correndo pra garagem imaginando ter acabado de ganhar um carro. Mas aos poucos estou ficando com a desagradável e cansativa sensação de que luto ingloriamente a favor de algo que está se esfarelando.

Tem muita gente empenhada em revelar que a política - ou a administração publica - não é praticada baseada em modelos estanques, separados entre si, classificados por sua natureza, seus ideais, suas origens ou por seus simples estatutos. Vai caindo o pano e o que se vê no palco são apenas rótulos marketeiros: progressistas, conservadores, reacionários, liberais, democratas, enfim nomes, apenas nomes.

Interesses menores, muitíssimo menores que o tamanho de nossa Nação, vão demonstrando que as engrenagens de proteção e que fazem a Republica funcionar estão há muito tempo desdentadas e sem graxa.

Estou falando sobre a assombrosa ciranda da queda de ministros acusados de corrupção neste ano de 2011. O script é sempre o mesmo: a acusação surge por denuncias que no inicio são combatidas, negadas, chamadas de infâmias, calunias, etc... Passam alguns dias e o sujeito é defenestrado em nome da manutenção da governabilidade. Mandado embora por que não tem condições morais de comandar nada. E, o que é pior, o substituto vem do mesmo ninho do antecessor. E nós, o povão, ficamos sem saber o quanto tudo tinha de verdade ou de mentira.

Resta patente o cinismo dos envolvidos. Fica escancarada a esculhambação em que se tornou a administração publica, se é que não devemos mudar o nome para administração privada.

São trambiques de quem acusa, molecagens de quem é acusado, defesas vazias e inconseqüentes de quem é parceiro, mentiras de quem é adversário, e essa salada toda é servida apenas para, dias depois, cair no esquecimento, sabendo-se de antemão que em breve, muito breve, mais alguém será apresentado como sujo na rodinha. E então começa tudo de novo.

Que regime kafkaniano é esse? Então é verdade mesmo que tudo não passa de uma encarniçada luta para deitar a mão na nossa grana?

Simpatizantes de todas as partes envolvidas - que está me parecendo serem centenas - perderam a decência? Critica-se ou defende-se apenas da boca pra fora? Onde estão as medidas preventivas para que as verdades ou mentiras esbravejadas sempre de maneira tão espalhafatosas não se repitam? Vivemos ou não em um mundo civilizado sustentado por princípios morais e éticos cujos deveres primeiros são a preservação e a defesa do bem comum? 

De jeito nenhum estou defendo o PIG, ou a TFP, ou a UDN e tudo o mais que está sendo ressuscitado pelo ranço e ódio virulento de quem está TEMPORARIAMENTE afastado da boquinha publica. Não defendo e nunca defendi essa raça. Mas já estou pensando em que também não vale a pena defender a Dilma.

E o Lula? Eu ainda tenho o "nunca dantes" como pessoa que por sua origem igual à de milhões de brasileiros deve ter seus padrões de moral formados em cima daquilo que forja o caráter dos mais humildes e desprovidos: a solidariedade! Sem adjetivos. Solidariedade apenas.

E por que será que Dilma - também uma lutadora em favor dos ideais democráticos - e Lula de maneira corajosa e fiel aos princípios que julgamos que  tem orientado ambos pela vida afora não se cercam de pessoas um tanto mais integras e menos dadas aos "inocentes malfeitos" que se revelam todos os dias? Por que em nome de vencer eleições e manter a "governabilidade" são necessários os mesmos métodos daqueles que foram derrotados via votos dos brasileiros? Votos esses que, em ultima análise, são o que de fato os mantém no poder.

Não, meu caros e raros leitores, não estou atacado de alguma espécie de revelação retumbantemente decepcionante, daquelas que acometem as crianças quando descobrem que a Fada do Dente não existe. Quem acompanha meus desabafos aqui nesse espaço - sujo, porém digno - sabe que sempre procurei ficar longe das paixões - exceto pelos Beatles - sobre o que quer que seja. Sempre preferi ponderar e tentar compreender a natureza humana a respeito de suas mazelas. 

Mas sinceramente está ficando difícil deixar apenas por conta das limitações humanas e perdoar sempre todas as falhas cometidas. Pois tem dias que sinceramente a oposição parece o governo e o governo parece oposição.  

Ou melhor dizendo o que isso está parecendo mesmo é um daqueles campeonatos de futebol de várzea em que, ao final, vencedores e vencidos vão todos juntos para o boteco encher a cara e rir das caneladas dadas e recebidas bem na cara do juiz que, subornado, faz de conta que não vê.

Fiquem em paz

Jonas