quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

WikiLeaks: nove perguntas corajosas e constrangedoras.

Nove perguntas, a respeito das quais todos nós temos que refletir. 

Para mim a melhor pergunta é a nona. E a segunda melhor é a sexta. Sem contar é claro com o argumento irrebativel de que o Rei está perto de matar o mensageiro por trazer más noticias.

Foram os republicanos que levaram não apenas os Estados Unidos mas uma coligação de países a empreender uma sangrenta guerra e ocupação do Iraque. Com argumentos que Saddan Hussein estava produzindo armas de destruição em massa e que seu governante era um ditador (oportunisticamente os Estados Unidos se esqueceram de informar que Saddan chegou ao poder com o apoio do governo estadunidense).

Deve ser uma estratégia semelhante a que  Ron Paul está usando agora para defender Julian Assange e WikiLeaks. Esquecendo-se oportunisticamente que seu partido foi o responsável para levar os Estados Unidos para o Iraque.

De todo modo em discurso na Câmara de Deputados, Washington, EUA, Ron Paul fez uma defesa impressionante que dificilmente encontraríamos na direita brasileira.
Ron Paul defende Julian Assange e WikiLeaks em discurso na Câmara de Deputados, Washington, EUA
Por Vila Vudu, enviado por mail
10/12/2010
VIDEO de todo o discurso, aqui (em inglês)
Ron Paul's concise nine questions listed here are as good a defense of WikiLeaks as I've seen. http://bit.ly/f8HrmT11/12/2010 1:17 via TBUZZ
Ron Paul não passa de conservador iconoclasta. Pois o deputado Republicano do Texas, com profundas raízes na direita liberal mais tradicional, tomou ontem uma via contraintuitiva, se comparada à retórica tradicional e fixada dos Republicanos mais conservadores, na questão dos WikiVazamentos.
Em discurso emocionado da tribuna da Câmara de Deputados dos EUA [orig. US House floor], Paul hoje comparou o ataque contra Julian Assange a “matar o mensageiro por trazer más notícias”. E propôs nove perguntas de alta provocação, sobre as quais pediu que os norte-americanos reflitam. Adiante, a transcrição das perguntas (via FromTheOld, aqui traduzidas).
Número 1: O povo dos EUA merece saber a verdade sobre as guerras em andamento no Iraque, Afeganistão, Paquistão e Iêmen?
Número 2: Como é possível que um soldado raso tenha acesso a tal quantidade de informação secreta?
Número 3: Por que a hostilidade é dirigida contra Assange, que publicou, e não contra o governo dos EUA, que não soube proteger informações sigilosas?
Número 4: Os 80 bilhões de dólares do nosso dinheiro, que nos custa o trabalho de recolher informações de inteligência, estão rendendo o que nos custam ganhar?
Número 5: O que levou a número maior de mortos: ter metido os EUA nessas guerras, ou a publicação dos telegramas por Wikileaks, ou a publicação dos “Documentos do Pentágono”?
Número 6: Se Assange for condenado por publicar informação que não roubou, que futuro terá a Primeira Emenda e a independência da Internet?
Número 7: É possível que a causa dos ataques histéricos quase universais contra Wikileaks seja mais o interesse de manter escondida uma política externa muito seriamente maculada, do que algum cuidado com a segurança nacional dos EUA?
Número 8: Não haverá imensa diferença entre divulgar informação secreta para ajudar o inimigo em tempo de guerra declarada, o que é traição, e divulgar informação que expõe as mentiras dos governos dos EUA, que promovem guerras secretas, morte e corrupção?
Número 9: Alguém algum dia disse que seria patriotismo defender o próprio governo quando estivesse errado?
Publicado originalmente no blog da Maria Frô