segunda-feira, 29 de novembro de 2010

A vitória do anjo de Gabriel

Ollhem só que história bacana. Daquelas que envolvem uma porção de personagens dispostos a fazerem coisas boas acontecerem. São historias assim que renovam na gente a esperança de que o ser humano ainda vai dar certo, apesar de tudo.

Xerocado do Balaio do Kotscho.

Acabei de ler agora no site do Estadão, no meio da manhã deste sábado, uma incrível história humana que se situa entre os extremos da vida e da morte e nos faz pensar nos desígnios do destino determinado por alguma entidade superior para cada um de nós.

“Recém-nascido é encontrado dentro de bolsa na região de Higienópolis _ Segundo a equipe médica, no momento em que foi encontrado, ele tinha no máximo 4 horas de nascimento”, diz a notícia do repórter Ricardo Valota, do estadão.com.br.

Algúem que passava pela calçada da rua Piauí, perto da praça Buenos Aires, ouviu o choro de uma criança, avisou a polícia e o bebê foi levado rapidamente para o Instituto da Criança do Hospital das Clínicas, onde seria salvo pelos médicos, que o batizaram de Gabriel.

Ficamos sabendo que o bebê  passa bem; a PM fez buscas pela região para encontrar a mãe do menino, mas não a encontrou, e o caso foi registrado no distrito policial do bairro.

Drama, milagre, miséria, abandono, final feliz: em apenas quatro horas, o destino do pequeno Gabriel já teve quase todos os ingredientes dramáticos de uma vida inteira e deixa no seu rastro muitas indagações sobre a sua origem e o seu futuro.

Quem serão os pais desta criança? Onde e como vivem? Onde e como o bebê nasceu? O que leva uma mulher a abandonar o filho logo após o seu nascimento? E se não passasse ninguem pela calçada àquela hora, no começo da madrugada de sábado?

O nome bíblico dado ao recém-nascido me fez lembrar que, durante toda esta semana, travou-se aqui no Balaio um longo e acalorado debate entre leitores comentando os textos que escrevi sobre a permissão dada pelo papa Bento 16 para que os católicos possam usar preservativos, mas só nas relações sexuais com prostitutas.

Nos mais de 1.100 comentários publicados, leitores de todas as religiões, ateus e agnósticos discutiram de tudo, do papel da religião nos dias de hoje às dúvidas que permanecem sobre as origens da nossa existência e os destinos da humanidade, deixando no ar mais perguntas do que respostas e apenas uma certeza para mim: cada vez mais, não tenho certeza de nada e aumentam as minhas dúvidas sobre todas as coisas.

Quando vejo um caso como este do pequeno Gabriel, e não consigo entender o que foi que aconteceu, aumenta minha perplexidade diante do mundo em que vivemos e do que estamos fazendo dele. Confesso que uma história dessas me choca mais do que a guerra contra a bandidagem nas ruas do Rio.

Em tempo: 

ainda bem que existe esta interação com os leitores aqui no blog para a gente nunca perder as esperanças.

Leiam só esta mensagem enviada pelo leitor Janos, às 12h59, que está publicada na área de comentários:
“Tenho quatro filhos, e estou com 77 anos, mas assiom caso não tiver alguém para adotar este menino, Gabriel, eu aceito com o máximo prazer ficar comigo para a alegria dos demais filhos e eu! Por favor Deus!!!!, que tenham piedade destes abandonados”.

Aos maconheiros

Passamos a ultima semana assistindo e lendo a respeito da "guerra" contra o tráfico no Rio de Janeiro. Em especial no domingo as ações das forças de segurança foram tão espetaculares e tão meticulosamente organizadas que fizeram  a gente ter esperança de que agora vai. 

Mas para ir é preciso que torçamos para que as forças de segurança permaneçam nos territórios conquistados e que continuem sendo coordenadas como foram até agora. Assim seja.

Uma coisa ficou evidente: o poder dos traficantes. A quantidade de armas e munições aprendidas em apenas um pequeno espaço geografico nos dá bem a noção de qual é o tamanho do "negócio" e a quantidade de dinheiro envolvida.

Será de fato necessário muito esforço, coordenação e vontade politica para reduzir ao minimo os efeitos catastróficos desse tipo de "atividade".

Efeitos catastróficos em todos os sentidos: homicidios, invasão da  vida privada dos cidadãos de bem, contaminação do poder publico via corrupção e o mais devastador: o vicio que leva a todo tipo de disturbio da vida humana.

E sendo assim precisamos desviar o olhar dos morros e enxergar os consumidores do que é produzido nos morros. Sabidamente as drogas atingem pessoas de praticamente todas as idades, todos os niveis sociais, todas as profissões e dos dois generos humanos.

Não quero falar dos consumidores que já estão na fase da dependencia braba. Quero pensar naqueles consumidores eventuais. Esses consumidores eventuais - eventuais por enquanto -e que se julgam  inocentes de toda essa lambança, consomem pequenas doses de drogas - eu acho - com desculpas que vão desde animar as reuniões com os amigos até para relaxar depois de um dia estafante de trabalho. Esses consumidores eventuais - eventuais por enquanto é bom que se repita - passam a maior parte do tempo sóbrios e lucidos o suficiente para que de alguma forma seja despertado neles o tamanho da encrenca que eles ajudam a promover a cada vez que compram suas "desculpas" do traficante da esquina.

Vez ou outra surgem por ai campanhas de conscientização de uma porção de coisas: meio ambiente, saúde, alimentação, etc, etc..., promovidas por entidades de todos os niveis: públicas, ONGS, religiosas, civis, etc. etc.

Que tal se as religiões ( Igrejas ) partissem pro ataque ao consumo de drogas com a mesma voracidade com que se dedicaram a condenar o aborto nas ultimas eleições? Não quero escrever o que eu estou pensando, mas quem quiser buscar em suas reflexões as razões do por que o ataque ás drogas é sempre tão timido, talvez vá chegar as mesma conclusão que eu, mesmo que eu não a escreva.

Será que já não era hora de todas as entidades partirem pra campanhas que mostrassem  mais didaticamente aos consumidores eventuais de drogas, coisas como as que vimos acontecer essa semana: estivemos a beira de uma chacina! todos precisam saber disso. Estivemos a beira de ver morrer homens e mulheres de bem cujo unico crime é ir morar onde dá pra morar! 

A fome e a miséria que caminham pelas vielas do Complexo do Alemão, andam com uma mão dada ao poder publico e a outra mão dada ao tráfico. E quem está por trás colaborando com isso é, numa grande parte das vezes, o tal consumidor eventual. Isso precisa ser dito!

Os consumidores eventuais - eventuais por enquanto - e que, talvez quem sabe julguem-se a margem de tudo isso,  precisam ser cutucados e chamados a responsabilidade para que entendam que é de seus bolsos que sai a grana que vai fazer acontecer tudo que aconteceu. 

Precisa-se parar de olhar com glamour, com romantismo e tolerancia para esses consumidores eventuais. Além de dependentes em potencial eles alimentam a criminalidade tanto quanto os demais viciados. A diferença daqueles para estes é que por serem eventuais - ainda - e no pleno exercicio dominio de suas capacidades é darem a impressão de que não há mal nenhum no que fazem. É preciso faze-los parar, antes que seja tarde. Antes que duas guerras sejam perdidas: contra o vicio e contra o tráfico.

Fiquem em paz.

Jonas