domingo, 29 de agosto de 2010

Eleição. Reflexão.



É no periodo eleitoral que se torna mais aparente a distancia entre os seres humanos e a humanidade.

Por esses dias ao invés de estarmos ouvindo propostas, mesmo que teóricas, para a melhoria dos individuos tal e qual imaginamos que os individuos devam ser, mais e mais percebemos a desatenção com as coisas humanas e a excessiva preocupação na preservação ou acesso aos pequenos poderes individuais e de seus grupos.

Supõe-se que ao abraçar o serviço público o individuo deva estar tomado de um altruismo incomum e dispor-se a dar tudo de sí em prol do coletivo. Mas na verdade não parecem buscar o serviço publico mas antes de tudo o poder público.

A maioria daqueles que se candidatam a qualquer coisa junto com seus apoiadores e seus estrategistas, inclusive seus eleitores, parecem tomados de uma sanha fofoqueira e belicista. Não estão preparados para falar sobre o bem e sim, ao contrário, dedicam horas e horas de seu esforço a falar mal. 

Perdem tempo discutindo atitudes que segregam e não unem. Não convidam ninguém ao debate. E por falar em debates, querem tambem as midias apresentar arremedos de discussões. Mas esses modelos, dada a quantidade enorme de regras de tempo, de patrocinadores interessados em uma parte ou outra, sorteios e normas sem fim, acabam por engessar ao invés de liberar a manifestação de idéias.

Bastaria deitar um olhar sobre a humanidade que desejamos, bastaria que todos propusessem apoio irrestrito as necessidades humanas e não esse apego irracional a uma biblioteca sem fim de livros cheios de regras e estatiscas que apenas confirmam nossa incompetencia em gerir nosso bem mais precioso que é o respeito a vida em plenitude. 

Disposição para promover a vida em plenitude. Essa pode ser a chave de uma boa governança.  Esse pode ser o caminho para o fim desse desperdicio de inteligencias e de habilidades perdidas em rancores e desavenças sem sentido. O fim das comparações entre o ruim e o pior.

Replico ai embaixo duas reflexões de Saramago. A fonte dessas joias está aqui.

Deveres Humanos

Depois de milénios de civilizações e culturas, os deveres humanos encontram-se inscritos nas consciências, inclusivamente quando aparentamos ignorá-los ou desprezá-los. Não há que escrever uma Carta dos Deveres Humanos, há que apelar às consciências livres para que a manifestem e a assumam.
“Soy un grito de dolor e indignación”, ABC (Suplemento El Semanal), Madrid, 7-13 de Janeiro de 2001


Insurreição ética (2)

O mundo necessita de uma forma distinta de entender as relações humanas e a isso é que chamo insurreição ética. Cada um tem que pensar: Que estou a fazer neste mundo? A ideia de respeito pelo outro como parte da própria consciência poderia mudar algo no mundo.
“Antes el burócrata típico era un pobre diablo, hoy registra todo”, La Nación, Buenos Aires, 13 de Dezembro de 2000

Fiquem em paz,

Jonas