terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Amor em bilhetes

(Para a Rita em nosso trigésimo sexto aniversário de casamento)
“Beth se você me ama, eu também amo você”
Esses são os dizeres do meu primeiro bilhete de amor, digamos assim. A Beth era uma menina a respeito de quem não lembro mais nada, exceto que morava na mesma rua que eu morava, lá pelos idos dos meus sete anos de idade.
Da Beth não lembro. Mas incrivelmente lembro-me do bilhete. Ainda vejo o pedaço de papel arrancado do meu caderno escolar e, na memória, eu vejo os garranchos de um garoto de primeiro ano primário, e cujo bilhete joguei no portão da casa da primeira musa da minha vida.
Não sei se a Beth leu o bilhete por que ela nunca me disse nada. E desconfio que em razão da ausência de resposta eu “desisti” da Beth logo nos dias seguintes, até mesmo por que, como vocês devem notar, a frase que eu escrevi a ela é condicional, mercantil mesmo.
Passou o tempo e eu deixei de lado as condicionais insensíveis que propomos à vida, e passei a aceitar o amor sem trocas. 
E às vezes me pergunto sobre aquele gesto, sobre a razão de tê-lo feito. Seria timidez?
Ou será que uma voz dentro de mim, em tom profético, avisava: vai treinando, virão dias em que você passará seu tempo declarando seu amor em bilhetes!
Fiquem em paz,
Jonas